Letícia Rolim – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – A prática de golpes pelo WhatsApp não é nova e é uma das mais utilizadas pelos cibercriminosos. Eles costumam usar a foto de perfil da vítima com um novo número para enganar os contatos da pessoa e induzi-los a fazer transferências de dinheiro.
De acordo com dados da Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM), em 2023 foram registrados 753 casos de falsa identidade, sendo 743 na capital. Nos dois primeiros meses deste ano, foram registrados 164 casos, sendo 153 em Manaus.
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Conforme explica a Polícia Civil do Amazonas, os golpistas não assumem o controle da conta da vítima, apenas usam a foto dela por meio de um número de telefone diferente. A partir disso, se passam pela pessoa, conversam com amigos ou parentes e, após contar uma história convincente, solicitam dinheiro.
O crime praticado pelos golpistas é tipificado como falsa identidade, previsto no artigo 307 do Código Penal Brasileiro. O golpe consiste em ‘atribuir a si próprio ou a terceiro uma identidade falsa com o objetivo de obter vantagem em proveito próprio ou alheio, ou ainda para causar dano a outrem’.
Relato
A assistente comercial Adryelle Lopes foi vítima do mesmo golpe duas vezes, e em ambas as tentativas os criminosos entraram em contato com a sua mãe.
“Minha mãe me mostrou que recebeu uma mensagem de um número que não era o meu, mas com minha foto no perfil. Na mensagem, a pessoa falou: ‘Oi mãe, não sei o que aconteceu com meu celular e tive que trocar de número'”.
Relatou Adryelle.
Apesar do susto e da insistência dos golpistas, a mãe não caiu no golpe e, logo após confirmar do que se tratava, o número utilizado pelos criminosos foi bloqueado.
“Como ela demorou para responder, eles ligaram, mas ela não viu a ligação. Então depois respondeu para eles perguntando o que tinha acontecido. Após isso, eles tentaram ligar mais uma vez para ela. Daí bloqueamos e denunciamos o número pelo suporte do próprio aplicativo”, disse a assistente.
Além disso, em relação à foto utilizada no perfil pelos criminosos para aplicar o golpe, Adryelle notou que eram fotos das suas redes sociais.
“Eu percebi que as fotos utilizadas por eles no perfil, eram fotos que tinha em meu Facebook”, relatou Lopes.
Esquema
Um usuário do X (antigo twitter) foi um dos alvos do crime e utilizou a plataforma para expor a conversa que teve com o criminoso, que revelou como realizava o golpe.
Durante a conversa, o golpista relatou que utiliza uma plataforma paga, a qual se refere como “painel“, para obter os dados das vítimas. Ele explicou que é possível encontrar pessoas de qualquer região por meio desse site.
Através do “painel”, é possível consultar dados como CPF, número de celular, CNPJ, CEP e outros. Em outra parte da conversa, ao ser questionado se já havia dado errado alguma vez, o golpista mencionou que era só ter cuidado para não “roubar alguém muito importante, igual o Alexandre de Moraes”.
Prevenção
De acordo com a Polícia Civil, ao perceber o golpe, a primeira medida a ser tomada é informar os contatos sobre a situação e alertar que há um criminoso utilizando a foto de perfil para pedir dinheiro.
Além disso, outra providência importante é enviar um e-mail para support@whatsapp.com com o assunto: WhatsApp Falso.
No corpo do e-mail, é necessário informar o número que está se passando pela vítima, com o código do país e o DDD da região (ex: +55 92 9XXXX-XXXX), fazer uma descrição detalhada do ocorrido e solicitar que a conta falsa seja bloqueada.
Outra medida é entrar em contato com o suporte do WhatsApp por meio do próprio aplicativo. Para fazer isso, é preciso acessar as configurações, clicar em ‘Ajuda’ e em seguida em ‘Fale Conosco’. Após isso, basta descrever o ocorrido e adicionar prints caso tenha.
Denúncia e registro de BO
Quem for vítima desse crime pode procurar a delegacia mais próxima ou diretamente a Delegacia Especializada em Repressão aos Crimes Cibernéticos (DERCC), localizada nas dependências da Delegacia Geral, avenida Pedro Teixeira, 180, bairro Dom Pedro, zona centro-oeste da capital.
Os Boletins de Ocorrência também podem ser registrados pela Delegacia Virtual (Devir), por meio do site: https://delegaciavirtual.sinesp.gov.br/.