Vívian Oliveira – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – A celebração de Pentecostes 2024, realizada na tarde de domingo, 19/5, no Sambódromo de Manaus, zona Centro-Oeste, destacou a união e a solidariedade entre os fiéis, arrecadando alimentos para os mais necessitados. O evento, que é uma tradição anual na capital amazonense, reuniu mais de 80 mil pessoas e contou com a presença do cardeal Leonardo Steiner, arcebispo de Manaus.
As arrecadações de alimentos no evento serão destinadas às famílias necessitadas. A Cáritas Arquidiocesana de Manaus será responsável por distribuir as doações, promovendo a solidariedade e o apoio aos mais vulneráveis.
Também, parte da coleta realizada durante a celebração será destinada ao Rio Grande do Sul, que enfrenta grave calamidade pública devido às fortes chuvas.
Durante a abertura da cerimônia, o cardeal Steiner enfatizou a importância da partilha e da comunhão entre os presentes, lembrando que todos são irmãos e irmãs no Espírito. O líder religioso também agradeceu aos 2 mil voluntários que organizaram a celebração, assim como os servidores da estado e do município, que garantiram a segurança e a tranquilidade do evento.
“A linguagem do Espírito é a suavidade do amor, da gratuidade, da proximidade”, disse o cardeal durante sua mensagem.
Inspirada na Campanha da Fraternidade 2024, a Festa de Pentecostes reafirmou a irmandade espiritual, fortalecendo os laços comunitários.
Dom Leonardo comparou o sopro do Espírito sobre os discípulos com o cuidado maternal, que cura as feridas e renova as forças. “O sopro do Espírito é semelhante ao que acontece quando uma criança se machuca e, com um sopro da mãe, a dor se vai”.
Refletindo sobre a diversidade de vocações e ministérios na Igreja, o cardeal fez um apelo para que a Arquidiocese de Manaus se torne mais missionária, com membros levando a Palavra de Deus às casas e comunidades. Ele destacou que a comunidade deve servir aos outros, colocando seus dons à disposição.
O cardeal Steiner também destacou a importância de cuidar dos pobres e necessitados, seguindo o exemplo do Espírito Santo. “Precisamos ser pais e mães dos pobres, oferecendo conforto, justiça, lazer, cultura, educação e oportunidades de trabalho”, afirmou.
A preocupação ambiental também foi mencionada, com dom Leonardo alertando sobre a destruição da natureza e a necessidade de cuidar da Mãe Terra. “Estamos delapidando a natureza e ela precisa de um novo espírito, de um novo cuidado”, disse ele, conclamando os fiéis a serem guardiões do meio ambiente.
O evento contou com o apoio de diversas instituições públicas, incluindo a Polícia Militar, Guarda Municipal, e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).
Origem
O Pentecostes, cujo nome deriva do grego “pentēkostḗ”, que significa “quinquagésimo” e tem raízes profundas tanto na tradição hebraica quanto na cristã.
Originalmente, a festa era conhecida como Shavuoth, ou “Semanas”, e marcava a celebração da colheita pelos judeus, ocorrendo cinquenta dias após a Páscoa.
Era também uma ocasião para lembrar o dia em que Moisés recebeu as Tábuas da Lei, ou Torah. O evento reunia em Jerusalém judeus de diversos países, que se encontravam para agradecer a Deus pela colheita e pelas Leis Sagradas.
Para os cristãos, o Pentecostes tem um significado igualmente profundo, sendo celebrado cinquenta dias após a Páscoa, conforme narrado no livro dos Atos dos Apóstolos, capítulo 2. Neste dia, os apóstolos de Jesus Cristo receberam o Espírito Santo.
“Chegando o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar. De repente, veio do céu um ruído, como se soprasse um vento impetuoso, e encheu toda a casa onde estavam sentados. Apareceu-lhes então uma espécie de línguas de fogo que se repartiram e pousaram sobre cada um deles. Ficaram todos cheios do Espírito Santo e começaram a falar em línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem”
Bíblia Sagrada, Livro Atos dos Apóstolos 2.1-4
A comemoração cristã do Pentecostes, portanto, celebra a descida do Espírito Santo sobre os apóstolos, marcando um momento fundamental na história da Igreja.
É uma das datas mais importantes do Calendário Litúrgico Cristão, ao lado da Páscoa e do Natal, refletindo a importância do Espírito Santo na vida dos fiéis e na missão da Igreja.
Diferente do Pentecostes cristão, a celebração judaica do Shavuoth durava sete dias e começava com o Pessach, ou Celebração da Páscoa. É a oportunidade que os judeus têm de expressarem gratidão pela colheita e pela entrega das Leis Sagradas. A festa tinha um forte componente comunitário, com multidões de judeus reunindo-se em Jerusalém para celebrar.
A festa também celebra a presença do Espírito Santo como guia, lembrando o sacrifício e a vida de Jesus Cristo e reforçando a continuidade da missão de Cristo através da Igreja.
Ainda, o evento marca o início da evangelização global, com os apóstolos falando em diversas línguas, simbolizando a universalidade da mensagem cristã.