Gabriel Lopes – Rios de Notícias
PARINTINS (AM) – A negritude na região amazônica por muitas vezes é invisibilizada. Na cultura do Boi-Bumbá, três itens obrigatórios do Festival Folclórico de Parintins, a 369 quilômetros de Manaus, representam essa história: Pai Francisco, Mãe Catirina e Gazumbá.
No Boi Garantido, o legado de Lindolfo Monteverde, fundador do bumbá vermelho e branco, tem ganhado cada vez mais visibilidade e espaço. No dia 14 de junho deste ano, Fernando Tenório, Rhedlara Monteverde, Cleudson Monteverde, foram apresentados, respectivamente, como os novos Pai Francisco, Mãe Catirina, e Gazumbá do “Boi do Povão”.
O Portal RIOS DE NOTÍCIAS conversou com exclusividade com os três itens – que apesar de não compor pontos para bumbá na arena, é obrigatório no Auto do Boi – sobre como andam os preparativos para se apresentarem nas três noites no Bumbódromo.
Representatividade e legado
Fernando Tenório contou que suas expectativas quanto sua apresentação como Pai Francisco na arena estão altas, além de ressaltar a responsabilidade de se representar um item que originou o boi-bumbá.
“É tudo novo para mim, eu estou há tanto tempo dentro do Boi-Bumbá, mas parece que eu cheguei ontem. Está uma correria, os ensaios estão a todo vapor e gente recebe orientação e acompanhamento para não fazer nada de errado dentro da arena, para não prejudicar o nosso boi”, relatou Fernando Tenório.
Redlara Monteverde, bisneta de Lindolfo Monteverde, detalhou o seu sentimento acerca da possibilidade de representar o legado de sua família no 57º Festival Folclórico de Parintins, prezando sempre pelo bom espetáculo nas três noites.
“É muito bom representar a minha família. Eu estou aqui não só por mim, mas por eles, porque o nosso papel é levar o nosso legado, o legado de Lindolfo Monteverde, do meu bisavô, para todo lugar do mundo”, ressaltou Redlara Monteverde.
Cleudson Monteverde comentou sobre as grandes emoções em torno da missão de cumprir a promessa que originou o Boi Garantido, além de ressaltar sua gratidão pela oportunidade dada pela diretoria da nação vermelha e branca, com o intuito final de garantir o título do festival.
“A gente fica muito feliz também em estar, não só eu, como várias pessoas da nossa família, inseridos no Boi-Bumbá, que para nós sempre vai ser um ato de amor, de felicidade, estar participando desse boi, que é o Boi do Povão”, concluiu Cleudson Monteverde.
Auto do Boi
A história conta que Francisco e Catirina eram negros escravizados em meados do século XVIII na região Nordeste do Brasil. Segundo a lenda, Catirina estava grávida e desejou comer língua de boi.
Francisco, para atender o desejo da amada, matou o boi mais bonito do local. Quando o dono da fazenda notou a morte do animal, convocou pajés para ressuscitá-lo. O boi voltou à vida e então Francisco e Catirina receberam o perdão do dono do boi.