Letícia Rolim – Rios de Notícias
PARINTINS (AM) – Quem viaja longas distâncias para prestigiar o Festival Folclórico de Parintins se depara com uma triste realidade ao chegar na Ilha Tupinambarana. Aqueles que tentam garantir um lugar nas arquibancadas do evento são confrontados com a prática de pessoas que colocam diversos objetos na fila para “vender os lugares”.
Além de enfrentar uma longa fila, sol escaldante e calor intenso, os visitantes ainda precisam lidar com a desorganização e a falta de fiscalização nas filas das arquibancadas. Esse problema, recorrente em anos anteriores, evidenciou-se de maneira mais grave este ano, destacando a carência de organização adequada para o evento.
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Embora se fale muito sobre a grandeza do Festival e a preparação para receber turistas, parece que pouco foi pensado para aqueles que enfrentam desafios diários para estar na arena.
A estudante, Sara Almeida, indignada com a situação, contou o que está enfrentando na fila do boi Garantido.
“Parintins é terra sem lei, a pessoa só entra se pagar para uma pessoa bêbada. Mesmo se você vir cedo, não consegue entrar, pois eles ocupam os lugares para vender”, desabafou a estudante.
A indignação também é compartilhada por Débora Neves, que está na fila desde o dia 25, revezando com amigos e a família.
“Atrás de mim tinha algumas pessoas vendendo os lugares por 100 reais, muita gente comprou porque tem outros vendendo mais caro. No dia seguinte, quando a gente foi novamente, já tinha muita gente fazendo o mesmo”, contou Neves.
‘Furação’ de fila
Débora relata, ainda, que em edições anteriores era normal ver gente cobrando para guardar lugar na fila, mas esse ano, além dos objetos que ocupam os espaços, também há a questão da ‘furação’ de fila.
“Em anos anteriores, essa questão de venda de lugar na fila sempre teve, mas era assim, a pessoa ficava na fila e na hora ela já trocava com outra pessoa, ela não acrescentava mais uma pessoa, ela trocava o lugar dela na fila e vendia para outra pessoa. Nesse caso, ela sairia da fila e outra pessoa entraria. Só que a confusão esse ano e que a gente presenciou na hora lá é que tem muita gente furando fila, colocando mais pessoas”, explicou Neves.
As pessoas que optam por enfrentar a fila, fazem isso pelo amor ao boi, pela paixão a cultura, mas o cenário desanimador contrasta com o espírito festivo do evento. Isso também foi ressaltado e confirmado por um dos visitantes que não quis se identificar.
“Desde Manaus, já tinha um primo de uma amiga guardando lugar para gente na fila. Viemos em um grupo de 7 pessoas, e pagamos R$100,00 para ele guardar esses lugares para gente. Experiência que não pretendo fazer novamente, foi incrível a sensação de estar ali dentro e fazer parte da apresentação do Garantido como item 19, mas o perrengue que passamos para chegar até lá, nossa, loucura total”, disse ele.
A situação evidencia a necessidade de melhorias na organização e principalmente de fiscalização, garantindo que todos possam desfrutar e fazer parte da galera, sem enfrentar as confusões e dificuldades deste ano.