A pressão do governador Wilson Lima (União) para que Alberto Neto (PL) retirasse sua pré-candidatura e se juntasse à chapa de Roberto Cidade (União) gerou um racha na política local, complicando ainda mais o cenário para para o chefe do Executivo estadual nas eleições de 2026.
Na disputa deste ano para a Prefeitura de Manaus, o governador tem desempenhado papel intenso como principal articulador político do processo eleitoral. Wilson formou alianças entre partidos, criou candidatos como Roberto Cidade e buscou desfazer candidaturas para uní-las ao seu grupo, como tentou fazer com o deputado federal Alberto Neto.
A articulação chegou até Brasília, envolvendo os presidentes nacionais do União Brasil e PL, além do ex-presidente Jair Bolsonaro. O objetivo era fazer Alberto abdicar de sua candidatura para ser vice de Cidade. A proposta foi negada duas vezes, e Alberto recebeu o aval de Bolsonaro para seguir com sua campanha.
As relações entre o grupo do governador e Alberto Neto foram cortadas, o que fez o deputado seguir com mais independência e com apoio total de Bolsonaro.
A partir daí, com o enfraquecimento de Lima, a possibilidade para o Senado Federal entre nos planos de Alberto, alinhando-se com o plano nacional do PL de expansão da bancada em 2026. A meta do partido é passar dos atuais 13 senadores para pelo menos 30, garantindo a maioria no Senado, que atualmente é governista.
Essa movimentação entra em conflito direto com as ambições políticas de Wilson Lima, que já vislumbra o cargo de senador. O cenário fica ainda mais complexo com as duas vagas do Amazonas sendo altamente concorridas.
O atual senador Eduardo Braga (MDB) buscará a reeleição com o respaldo do presidente Lula (PT) e com força política comprovada em 2022, quando foi ao segundo turno na disputa pelo Governo. Plínio Valério (PSDB) cresceu politicamente após declarar apoio a Bolsonaro nas últimas eleições, posicionando-se como senador conservador e se destacando como articulador e incentivador da campanha de Amom Mandel (Cidadania) em Manaus.
Ainda entra Alberto Neto, candidato apoiado por Bolsonaro, que, dependendo do resultado da eleição em 2024, pode sair ainda mais fortalecido na capital, onde se concentra o eleitorado de direita.
Em meio a isso, sobra menos espaço para Wilson Lima trabalhar seu nome e crescer na disputa. Com aprovação popular em baixa, o governador acaba isolado num campo fundamental na política de quem disputa um cargo majoritário: o campo ideológico.
A interferência política de Lima em 2024 pode ter um custo alto: a derrota em 2026.