Gabriel Lopes – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – A seca dos rios no Amazonas continua avançando em ritmo acelerado, tanto na capital quanto nos municípios do interior do estado. Com isso, os efeitos da estiagem já são sentidos com mais intensidade em boa parte da região amazônica.
A fim de traçar um paralelo entre os dados do Painel do Clima do Amazonas e os impactos do cenário de vazante na região, o Portal RIOS DE NOTÍCIAS conversou com a pesquisadora em geociências do Serviço Geológico do Brasil (SGB), Jussara Cury.
“Estamos em uma fase bem crítica da estiagem, onde todas as calhas estão descendo, então tende a intensificar esse processo no mês de setembro em razão dessas variações de áreas dos postos e dos rios e também associado a pouca estimativa de chuva para as próximas semanas na bacia do Amazonas”, comentou a pesquisadora.
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Rio Negro
Em Manaus, o Rio Negro chegou aos 16,75 metros nesta sexta-feira, 13/9. Desde o início da vazante, em junho deste ano, o afluente já baixou mais de 10 metros na capital amazonense. O rio segue avançando os níveis mais críticos de vazante, com média diária de redução de 22 centímetros.
“O Rio Negro em Manaus continua seu processo de recessão com descidas diárias na ordem de 25 centímetros e essas variações são consideradas acentuadas para essa fase da estiagem. E o Rio Negro apresenta níveis baixos, muito baixos para o período, na ordem de três metros abaixo da faixa da normalidade”, declarou Jussara Cury.
A especialista aponta que na região do Alto Rio Negro, entre os municípios de São Gabriel e Bacelos, os ritmos de descida têm sido menores, com queda de nove centímetros diários.
“De certa forma, isso ocorre em razão das chuvas concentradas nessa parte Norte da bacia. Contudo, nas próximas semanas tem pouca chuva prevista para a Bacia do Negro como todo”, ressaltou a pesquisadora.
Rio Solimões
Em Tabatinga, o Rio Solimões já atingiu sua média histórica neste ano e agora segue em uma fase de “repiquete”, quando as águas descem e sobem repetidas vezes, o que pode indicar um enfraquecimento da seca, no entanto, ainda é cedo para apontar definições mais precisas. Nesta quinta-feira, 12, o rio media -1,71 no município.
“Na região de Tabatinga ainda há um processo de recessão e os níveis são baixos para essa época. Em 2024 superamos a mínima de 2010 […] e também em razão da questão da falta das chuvas. Há pouca precipitação acontecendo ali na bacia que contribui para a região do Solimões”, explicou a especialista do SGB.
Rio Madeira
No município de Humaitá, o Rio Madeira mede nesta sexta-feira, 8,42 metros, estando a 32 centímetros de atingir a mínima histórica de 2023. Na região Sul do Amazonas, que envolve o Madeira, as descidas continuam o processo de recessão com níveis considerados baixos.
“Na segunda-feira, 9, Porto Velho também atingiu uma nova cota mínima na ordem de 81 centímetros. Isso também vai gerar certo impacto, por exemplo, na continuidade do Madeira que chega aqui na Bacia do Amazonas”, esclareceu Jussara Cury.