Elen Viana – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – O prefeito de Manaus e candidato à reeleição, David Almeida (Avante), está sendo investigado pela Polícia Federal por suspeita de ter recebido propina para favorecer uma empresa em licitações.
Segundo a investigação, o dinheiro foi entregue à sua irmã, Dulce Almeida, atual secretária municipal de educação (Semed). As informações foram divulgadas nesta quarta-feira, 02/10, pelo site UOL.
De acordo com um relatório do Ministério Público Federal (MPF), ao qual o UOL teve acesso, a propina de R$ 100 mil teria sido entregue à irmã do prefeito por José Antonio Marques, sócio da Tumpex, empresa que presta serviço de coleta de lixo em Manaus.
A investigação aponta que o empresário da Tumpex teria sido beneficiado em uma licitação de R$ 6 milhões da Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seinfra), para a compra de sacos de ráfia, utilizados no transporte de pedras, areia e outros materiais.
A Polícia Federal começou a investigar o caso após interceptar uma ligação telefônica em março de 2022. O alvo inicial era José Antonio, investigado por sonegação fiscal. No entanto, durante uma conversa gravada com outro empresário, ele mencionou a propina paga para fechar contratos com a prefeitura.
Além dessa investigação, a PF apontou que o sócio da Tumpex teria recebido vantagens em mais duas licitações. José Antonio teria informado à irmã do prefeito que tinha conhecimento sobre “8 ou 12 lotes de compras da Secretaria de Infraestrutura”. Ele teria demonstrado interesse em contratos que somavam R$ 19 milhões em pedra brita e R$ 16 milhões em areia.
O inquérito também revelou que pagamentos antecipados teriam sido feitos antes mesmo de David Almeida assumir a prefeitura. Em uma ligação de dezembro de 2019, José Antonio foi flagrado mencionando o pagamento à irmã do prefeito.
Após as eleições, os R$ 100 mil foram pagos. As escutas mostram que José Antonio entregou duas parcelas de R$ 50 mil a Dulce Almeida, então coordenadora do Fundo Manaus Solidário.
Posicionamento
Em nota enviada ao UOL, a Prefeitura de Manaus negou as suspeitas, afirmando que “a referida investigação está em curso, mas deverá concluir pela inexistência de qualquer crime relacionado à gestão”.
A Tumpex, por meio de seu advogado, confirmou a investigação da Polícia Federal, mas ressaltou o sigilo judicial do processo. “Cabe ressaltar que nenhum dos fatos investigados no citado inquérito guarda relação com qualquer agente público ou seus familiares. A empresa não participa ou participou de qualquer licitação nas últimas décadas”, informou a nota.
“O contrato mantido com o poder público municipal é de gestões passadas e ainda está em vigor. Por fim, esclarecemos que o senhor José Antonio não trabalha e nunca trabalhou na empresa, não mantendo qualquer vínculo empregatício ou de representação com a Tumpex”, conclui a nota.