Letícia Rolim – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – A Praia Dourada, localizada próxima à Ponta Negra, é um dos locais mais afetados pela estiagem que assola Manaus neste ano. Tradicionalmente um destino popular para lazer, especialmente durante os fins de semana, o cenário atual revela a dura realidade provocada pela seca.
Dando continuidade à série de reportagens do Portal Rios de Notícias, a situação da Praia Dourada não poderia ser ignorada. Banhada pelo igarapé Tarumã, a praia agora exibe os efeitos devastadores da seca que afeta o estado.
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Com o nível das águas em baixa, a praia, que em outros tempos atraía centenas de visitantes, encontra-se deserta. A paisagem que antes vibrava com a presença de banhistas e diversas atividades recreativas agora apresenta um aspecto desolador.
Durante o percurso pelo que costumava ser uma área submersa, pequenos córregos são tudo o que resta do igarapé Tarumã. Em épocas normais, a região é repleta de flutuantes e movimentação, mas, atualmente, as atividades estão suspensas, à espera da elevação do nível das águas.
Muitos flutuantes, que deveriam ser pontos de atração, estão não apenas abandonados, mas também à venda. A estiagem impõe dificuldades severas àqueles que dependem da sazonalidade para manter seus negócios.
Dificuldades
Empresários locais compartilham as dificuldades que enfrentam anualmente durante o período de estiagem. Roberto Soares, morador e empresário da região, descreve a gravidade da situação: “Desde o ano passado estamos enfrentando a seca. Trabalhamos com turismo e flutuantes, e agora estamos impossibilitados devido à falta de água.”
Soares enfatiza a importância do igarapé, lamentando a escassez de apoio durante esse período crítico: “O rio é o grande atrativo. Sem ele, não há como oferecer passeios, banhos ou atividades aquáticas, e não recebemos nenhuma assistência.”
Lucas Marinho, proprietário de um comércio e barqueiro na área, também relata os impactos da estiagem em seus negócios: “Estamos em um ponto crítico. Sem água, não há transporte, aluguel de flutuantes ou entregas.”
Para mitigar os danos, Marinho tem procurado manter seus flutuantes próximos das áreas ainda alagadas, na esperança de que a água retorne em breve. “Os flutuantes que alugamos estão onde ainda há água, e estamos tentando mover o meu para mais perto dessa área, esperando que o rio encha novamente”, afirmou.
“A gente realmente está no zero!”, reiterou Marinho.
Igarapé
Atualmente, o igarapé se resume a uma estreita correnteza de cerca de 1,20 metro de profundidade.
O que antes era uma via fluvial movimentada agora é uma extensão de barro seco, tornando inviáveis os trajetos que antes eram realizados por embarcações.
Além disso, o trajeto que era realizado por transportes fluviais já não é mais viável. Aqueles que se arriscam a caminhar ou atravessar, enfrentam a lama sob o sol quente.
Esperança
Neste ano, o nível do rio superou a marca histórica de 2023, atingindo 12,11 metros. Entretanto, nas últimas semanas, o nível voltou a subir, segundo informações do Porto de Manaus.
Marinho expressa otimismo. “É difícil, mas estou contente que as notícias indicam que a seca já parou. Agora é aguardar o rio encher e retomar nossas atividades”, disse esperançoso.
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Com essa expectativa, Lucas Marinho acredita que a esperança de dias melhores e o retorno das atividades na Praia Dourada estão mais próximos.