Letícia Rolim – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – Com o aumento de casos nos últimos tempos, tem se notado que as doenças mentais são condições de saúde que envolvem alterações emocionais negativas, afetando tanto o pensamento quanto o comportamento, garantem especialistas.
Atualmente, a saúde mental tem recebido maior atenção e valorização. No entanto, ainda existem pessoas que possuem preconceitos e se recusam a buscar atendimento especializado, como um psiquiatra ou psicólogo, acreditando erroneamente que eles lidam apenas com casos extremos de insanidade.
“A saúde mental foi negligenciada por muito tempo e só recentemente começou a ser valorizada. No entanto, ainda há muito preconceito em relação às doenças mentais”, ressaltou a psicóloga e presidente do Conselho Regional de Psicologia, Lígia Maria Duque.
No entanto, existem obstáculos significativos que impactam a saúde mental dos brasileiros e os impedem de procurar ajuda especializada. Durante muito tempo, houve a associação da psicologia com loucura, somada ao preconceito em relação ao adoecimento mental.
“Um grande desafio em nossa sociedade é o preconceito em relação à saúde mental. Além disso, enfrentamos questões culturais e sociais”
Lígia Maria Duque, pisóloga
Boa parte da sociedade ainda tem dificuldade em reconhecer o que é a doença. “O aspecto psíquico antecede a saúde física, e uma pessoa pode começar a adoecer no âmbito psicológico, o que posteriormente se reflete no físico”, explica Duque.
Agravantes
Um dos principais obstáculos, é o aumento da pobreza no Brasil que afeta diretamente a saúde mental, devido ao estresse e preocupação enfrentados pelas pessoas, resultando em uma série de doenças mentais.
“Como podemos esperar que alguém tenha saúde mental quando olha ao redor e não sabe como conseguir um copo de água, ou sequer tem acesso a um pedaço de pão para comer? Portanto, as questões de saúde mental também são influenciadas pela nossa condição social”
Lígia Maria Duque, psicóloga
Além da pobreza, outros determinantes sociais, como violência política, racismo e violência baseada em gênero, têm impacto nos resultados da saúde mental das populações.
A psicóloga alerta que, às vezes, uma simples dor de cabeça pode ser um sinal decorrente de muito estresse e tensão, podendo ser uma doença em si.
Por isso, a psicoeducação é de suma importância. Essa técnica relaciona instrumentos psicológicos e pedagógicos com o objetivo de ensinar o paciente e os cuidadores sobre as patologias físicas e psíquicas, bem como sobre seus tratamentos. Dessa forma, é possível desenvolver um trabalho de prevenção e conscientização em saúde.
Autocuidado
Pequenas ações inseridas no cotidiano podem provocar grandes mudanças ao longo do tempo, com um impacto positivo no seu corpo e mente. O autocuidado é um aliado, que proporciona maior qualidade de vida, fortalece a autoestima, autoconfiança e a capacidade de tomar decisões frente aos desafios da vida cotidiana.
“O autocuidado, é uma forma de praticar o amor próprio e influencia diretamente no bem-estar emocional, proporcionando a melhora no humor e nas emoções. Não cuidar da saúde mental prejudica não só o bem-estar, mas afeta todos os aspectos da vida de uma pessoa”, afirmou Lígia.
Investimentos
Com o aumento significativo de casos de transtornos mentais ao redor do mundo, os especialistas em saúde mental têm sido cada vez mais procurados. Em resposta a essa demanda, o Governo Federal investiu 200 milhões em saúde mental. A iniciativa visa o aumento a assistência na rede de saúde mental no SUS em todo Brasil.
Esse fortalecimento está entre as ações prioritárias do Ministério da Saúde, que tem como objetivo focar na política de saúde mental. Esse investimento é importante para assegurar dignidade, cuidado integral e humanizado em liberdade, além de focar na reinserção psicossocial e garantia dos direitos humanos.
A percepção da importância da saúde mental está se fortalecendo, destacando a diferença que ela pode fazer na vida das pessoas.