Gabriel Lopes – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – A visita do presidente dos Estados Unidos Joe Biden a Manaus, no domingo, 17/11, marca a história da região por essa ser a primeira vez, em 200 anos, que um chefe de estado norte-americano visita a Amazônia. Mas quais serão os efeitos práticos da presença do político democrata em território amazonense?
“A visita de Biden foi uma visita, nada mais que uma visita. E assim deve ser encarada”, destacou o cientista político Luiz Carlos Marques em entrevista ao Portal RIOS DE NOTÍCIAS.
O presidente norte-americano anunciou um repasse de US$ 50 milhões (R$289,85 milhões) ao Fundo Amazônia, elevando a contribuição total americana para US$ 100 milhões, sujeito à aprovação do Congresso. Biden havia anunciado US$ 500 milhões de repasse, o que não deve ser cumprido até o fim de seu mandato.
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Luiz Carlos Marques classificou que a passagem de Joe Biden pela Amazônia deve levar a reflexão sobre questões de soberania e interesses geopolíticos. Ele considera o discurso dos Estados Unidos como seletivo.
“Lembrando que o lema estadunidense é sobre ecologia. Fazendas aqui, florestas lá. Por isso, os EUA pressionam pela preservação ambiental em países como o Brasil, enquanto exploram seus recursos naturais de forma agressiva. Eles não consideram o desenvolvimento sustentável e muito menos a dignidade do povo da Amazônia”, opinou o especialista.
Durante sua visita, Joe Biden sobrevoou de helicóptero pontos turísticos da capital amazonense como o Encontro da Águas entre os rios Negro e Solimões, além de visitar por via terretre o Museu da Amazônia, na zona Norte de Manaus, onde fez os anúncios de fomento econômico.
“A presença americana na região só é compreensível se levarmos em consideração a geopolítica. O Brasil é um estratégico para a estabilidade política da região. Historicamente, um parceiro que garante a hegemonia e os interesses dos Estados Unidos. A visita de Joe Biden dificilmente será benéfica para a população local”, ressaltou o cientista político.
Luiz Carlos Marques cita como exemplo a Noruega, que disponibiliza 500 vezes mais recursos que os governos norte-americanos para a Amazônia. Inclusive, também neste domingo, 17, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) divulgou que o Fundo Amazônia receberá uma nova doação da Noruega, no valor de US$ 60 milhões, o equivalente a cerca de R$ 348 milhões.
“O desenvolvimento da Amazônia deve ser pensado e conduzido por brasileiros. Um país soberano que é, não deve ser subordinado a interesses que mascaram controle geopolítico travestido de discurso ambiental. A visita de Biden foi uma visita, nada mais que uma visita. E assim deve ser encarada”, concluiu o especialista.