Gabriel Lopes – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – Um vídeo publicado por uma manauara que mora na China revelou que o país asiático é o maior exportador do mundo do peixe amazônico tambaqui e viralizou nas redes sociais. A afirmação feita pela influenciadora Laís Tavares surpreendeu muitos amazonenses, que fizeram questão de deixar claro sua opinião sobre o assunto.
“Não é a primeira vez que algo parecido acontece. Desde os tempos da seringa”, criticou um internauta. “Tambaqui da Shopee”, brincou outro em menção a empresa de vendas online chinesa, que oferta produtos similares aos de marcas famosas. “Então bem que já poderia existir sushi de tambaqui”, sugeriu um terceiro.
A fala da influenciadora foi feita com base em um artigo publicado no site sobre negócios no exterior Samerica Trade. O texto afirma que a China é a maior criadora e exportadora de tambaqui, espécie originalmente encontrada na bacia amazônica.
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No entanto, um outro peixe da região é facilmente encontrado no site de comércio online chinês Alibaba. Em uma rápida pesquisa, é possível achar algumas ofertas de “Red Pacu”, um peixe cinza de barriga vermelha conhecido na Amazônia como pirapitinga, vendido por US$ 0,80 a 1,23 (R$ 4,35 a 6,68) o quilo.
Um levantamento feito pela BBC News Brasil mostrou, conforme dados oficiais da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), que a China é atualmente a maior fonte de pirapitinga no mundo. Além da produção para consumo humano, o país e outras nações asiáticas viraram referência na criação de peixes ornamentais amazônicos.
Como o tambaqui chegou até a China?
Apesar de os peixes serem o “x da questão”, um “Boto Navegador” pode ter um papel significativo nesta história. Antes da Rio-92, a histórica conferência do clima realizada no Rio de Janeiro, o primeiro-ministro chinês Li Peng teria viajado para Manaus, onde se reuniu com o então governador do Amazonas, Gilberto Mestrinho (MDB).
Durante o encontro, o emissário da China recebeu de presente casais vivos de tambaquis, que foram levados ao país asiático, dando início ao interesse por essas espécies por lá. Fato é que existem poucas evidências ou registros oficiais dessa reunião e os principais nomes supostamente envolvidos no episódio já morreram, mas a “lenda” prevalece.
Exportação de peixes no Brasil
Um artigo publicado por pesquisadores de Manaus, em 2018, destaca que o tambaqui e espécies híbridas já foram observadas em diversos países onde eles não são nativos, como Estados Unidos, China, Indonésia, Mianmar, Vietnã, Tailândia e Singapura.
Essa introdução, ainda de acordo com os autores, pode ter ocorrido de forma acidental ou deliberada, nesse caso, com o objetivo de iniciar criações desses peixes em outros lugares. Já o Brasil, apesar de possuir uma extensa costa litorânea e a maior quantidade de recursos hídricos do planeta, está bem longe da liderança do mercado de pescados.
A reportagem entrou com o Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA) para obter detalhes sobre o mercado de pescados no Brasil, mas até o fechamento desta matéria não teve resposta. O espaço segue aberto.