Redação Rios
MANÁGUA (NI) – Mais um padre católico crítico à ditadura de Daniel Ortega foi preso na Nicarágua. O líder religioso Fernando Zamara foi detido no domingo, 9/7, na capital do país, Manágua, depois de uma missa.
As autoridades do país não se manifestaram para explicar a prisão do líder religioso e seu paradeiro é desconhecido. O país prendeu pelo menos quatro sacerdotes e outros sete foram expulsos do país.
De acordo com dados do jornal nicaraguense El Confidencial, pelo menos 84 religiosos tiveram que deixar o país desde 2018.
Rolando Alvarez
Na semana passada, o bispo nicaraguense Rolando Álvarez, condenado a mais de 26 anos de prisão por “traição contra a pátria”, foi libertado por algumas horas pela ditadura de Daniel Ortega, mas voltou à prisão depois de rejeitar deixar o país.
Álvarez também teve sua cidadania cassada e foi transferido da prisão domiciliar para o presídio. Além disso, Ortega declarou interrompidas as relações bilaterais com o Vaticano e descreveu a Igreja Católica como uma “máfia”.
Sua libertação, segundo a fonte, se deu graças a negociações entre o governo da Nicarágua, o Vaticano e o Episcopado. Após as partes discutirem destino do líder eclesiástico, sua recusa em deixar o país fez com que o regime o mandasse de volta ao cárcere.
Lula
A tentativa de libertação do bispo Rolando Alvarez pelo regime sandinista ocorreu antes de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva concretizar a prometida gestão diplomática junto ao ditador nicaraguense, para que o religioso fosse liberado. Lula pretendia telefonar a Daniel Ortega, mas a ligação não chegou a acontecer, segundo o Palácio do Planalto.
Houve, no entanto, pressão política pública de Lula e do Vaticano. Como o Estadão revelou, a prisão do clérigo e a repressão aos demais representantes da Igreja Católica pelo regime entrou na pauta da audiência de Lula com o papa Francisco, no dia 21 de junho, no Vaticano.
A pedido do papa, Lula prometeu interceder junto a Ortega, e disse que ele deveria reconhecer que errou e pedir desculpas. Segundo o petista, não havia nenhuma razão para que o bispo de Matagalpa permanecesse preso, acusado de traição, sem poder desenvolver as atividades pastorais ou sair do país e regressar ao Vaticano.
“Estive com o papa Francisco agora e assumi o compromisso de falar com o Daniel Ortega na próxima semana a respeito da disputa com setores da Igreja. Naquilo que a gente puder contribuir, quem tiver relação, temos que conversar. O que não pode é isolar e levar em conta que os defeitos estão apenas de um lado”
Luiz Inácio Lula da Silva, presidente do Brasil
* Com informações da Agência Estado