Gabriel Lopes – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – As Associações dos bois-bumbás Caprichoso e Garantido emitiram uma nota conjunta na manhã desta quarta-feira, 18/12, em que afirmam não reconhecer a legitimidade da Dispensa de Licitação nº 007/2024, que determina unilateralmente a contratação de uma empresa para gerir a venda de ingressos do 58° Festival Folclórico de Parintins, em 2025.
O edital é realizado pela Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Amazonas (SEC-AM). A decisão, conforme apontam os bumbás, foi tomada sem consulta ou anuência das agremiações que protagonizam o festival.
“Isso representa uma grave violação à autonomia das associações responsáveis legais pela execução dos espetáculos dos bois Caprichoso e Garantido. A comercialização de ingressos é uma atribuição exclusiva das associações, sendo indispensável para o financiamento dos espetáculos executados no bumbódromo”, diz o texto.
A nota destaca ainda que este ato desrespeita décadas de tradição e compromete a essência do maior festival folclórico do Brasil. Além disso, o texto ressalta que o modelo imposto prejudica diretamente a parceria das associações junto a patrocinadores que, há anos, apoiam o festival.
“A medida retira das associações o controle sobre uma das principais fontes de recurso para a produção do espetáculo, ameaçando diretamente a viabilidade do evento e a dignidade dos trabalhadores, artesãos e artistas que dão vida a esse espetáculo”, escreveram os bumbás.
Medidas adotadas
Um ofício conjunto, com a notificação extrajudicial sobre o processo licitatório, foi enviado diretamente ao titular da Secretaria de Cultura, Cândido Jeremias. Para os bois, o processo deve ser imediatamente suspenso e o diálogo deve prevalecer para assegurar o respeito às tradições, à autonomia e à cultura de Caprichoso e Garantido.
“Reafirmamos que o Festival de Parintins é mais do que um evento: é um patrimônio cultural do povo amazonense, construído pelo esforço coletivo das Nações Vermelha e Azul. Não aceitaremos que decisões unilaterais e alheias às nossas realidades coloquem em risco a grandeza e a autenticidade do festival”, completaram.
Outros posicionamentos
Em nota enviada ao Portal RIOS DE NOTÍCIAS, o diretor-presidente da Amazon Best – empresa que vende os ingressos do festival atualmente – Valdo Garcia, disse apenas que: “A Amazon Best tem um contrato válido até 2028, entre entes privados, e tem a segurança jurídica de que o mesmo será cumprido“.
A REPORTAGEM também solicitou um posicionamento oficial do Governo do Amazonas, que por meio de nota, esclareceu que a abertura de pregão eletrônico para contratação de empresa especializada na venda de ingressos para o 58º Festival de Parintins, atende decisão do Tribunal de Contas do Estado (TCE-AM).
Segundo o Governo do Estado, a Corte de Contas determinou à Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa que haja maior transparência e garantia do direito à competitividade na escolha da empresa responsável pela venda dos ingressos da festa.
Veja a nota das assossiações folclóricas na íntegra