Vívian Oliveira – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – O filme de ficção “Castanho”, com direção e roteiro do artista Adanilo, fará sua estreia na Mostra Brasil do 34º Festival Internacional de Curtas Metragens de São Paulo (Kinoforum). O evento será realizado entre os dias 24 de agosto a 3 de setembro.
Em entrevista ao portal RIOS DE NOTÍCIAS, o ator de “Marighela” contou sobre o curta-metragem e da qualidade da produção audiovisual da Amazônia.
A trama foi gravada na Comunidade Cachoeira do Castanho, a 24 quilômetros de Manaus, em Iranduba, em novembro de 2021, e gira em torno da personagem Maria, interpretada por Sofia Sahakian, uma mulher estrangeira latino-americana, que tem a chance de conviver com Dona Belém, papel de Rosa Malagueta, e seu filho Cícero, interpretado por Israel Castro.
Leia também: Talento da Amazônia, Adanilo conquista cinema internacional
Ao longo da história, Maria adentra ao ambiente familiar, conhecendo suas intimidades, afetos, trabalho e diversão, o que acaba por modificar todas as relações ao redor, incluindo a si própria.
“No filme, a gente vê Maria muito próxima a essa família. Trabalham juntos, bebem, se divertem e têm um nível de intimidade, com muita confiança um no outro. Por ser uma mulher estrangeira, paira ao redor dela um certo mistério. Além disso, vemos que Maria carrega sentimentos, sensações e segredos do lugar de onde veio, enquanto Dona Belém e Cícero partilham uma vida típica de quem mora à beira do rio. Essas diferenças os aproximam e nos dá um senso de coletividade latino-americana”
Adanilo, ator e diretor
Dando vida a Cícero, o ator amazonense Israel Castro conta sua experiência em “Castanho” e da “honra de trabalhar com Adanilo”. “Cícero é um rapaz tímido que vive com sua mãe (Rosa Malagueta) na comunidade do Castanho. Lá, ele leva uma vida leve, tranquila e ‘farreiro’ (rs). É ‘bebedeiro’ e gosta de ‘forró de galeroso’. Os amazonense sabem muito bem o termo”, contou aos risos.
O projeto do filme surgiu a partir da vivência pessoal de Adanilo. Na época, ele vivia com Sofia, atriz argentina e mãe de sua filha Léa, que não tinha o português como língua materna. O ator sentiu a necessidade de criar uma produção que possibilitasse a participação dela como atriz, situando-a em um contexto hispano-falante na região amazônica. Esse desejo deu origem a “Castanho”.
“Com ‘Castanho’, eu queria muito falar sobre humor e de cotidiano. De relações amazônicas e como que a gente recebe uma pessoa que vem de fora”, explicou.
Com uma década de carreira, Israel Castro diz estar “muito ansioso para ver o público se deliciar desse trabalho lindo que foi dirigido com muito cuidado e amor, por artistas incríveis”, contou o ator que dentre inúmeros destaques, representou o Amazonas em Festivais Luso-brasileiro na Europa e interpretou Édson na segunda temporada de “Dom”, no Prime Video.
O desafio de dirigir
Essa é a segunda vez que Adanilo Reis assume a direção de um filme, o primeiro sendo “521 Anos / Siaa Aira” em 2021, feito de forma independente.
“Estou encarando ‘Castanho’ como meu primeiro filme de ficção, mesmo já tendo feito outros trabalhos. Para mim, a direção sempre esteve junto com escrever e atuar. Tenho algumas histórias que eu gostaria de contar e só por meio da direção posso fazer isso”, declarou.
Ano notável
Além disso, o diretor também se destacou em março com o lançamento dos longas-metragens “Noites Alienígenas” e “O Rio do Desejo” no cinema, bem como duas séries: “Cidade Invisível”, na Netflix, e “Dom”.
Sua participação no Festival de Cannes em maio, representando o filme “Eureka” do cineasta argentino Lisandro Alonso, trouxe ainda mais reconhecimento ao seu talento.
“O ano de 2023 tem sido um ano impressionante para mim. Estou muito feliz. A entrada do “Castanho” nesse festival amarra esse bom momento da carreira. Acredito que mais portas vão se abrir com esse festival”, torce.
Produção amazônica
O cenário da produção audiovisual na Amazônia tem sido motivo de orgulho e satisfação para o ator, diretor e roteirista. Ele destacou a evolução do setor na região e a qualidade do trabalho realizado pelos profissionais envolvidos nesse movimento.
“Eu estou muito orgulhoso da produção audiovisual na Amazônia. Muito feliz de fazer parte desse movimento, de estar com pessoas que amam produzir, que fazem um trabalho de alta qualidade, muito profissionalismo”, destacou.
Além disso, mencionou outros filmes que também fazem parte desse cenário promissor, como “Cabana”, produção do Pará em que a atriz amazonense Isabela Catão participa, e que também será exibido no festival.
“O que a gente tem produzido na Amazônia tem ganhado cada vez mais potência e não devemos em qualidade em nada. Então, é importante que essas portas estejam abertas para mostrarmos o nosso trabalho”, disse Adanilo.
O festival
O 34º Festival Internacional de Curtas Metragens de São Paulo (Kinoforum) proporcionará ao público a chance de conhecer “Castanho” e outras produções que refletem o talento e a diversidade da produção audiovisual na Amazônia. Confira a lista completa AQUI.
O curta-metragem “Castanho” foi produzido através do Edital-Prêmio Encontro das Artes, promovido pela Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa (SEC-AM) em 2020. A realização ficou a cargo do Teatro Galeroso em co-produção com Oca Produções.