Gabriel Lopes – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – O crime organizado ganha cada vez mais espaço no Brasil e consequentemente na Amazônia. É o que aponta um novo estudo divulgado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. A prática ilegal de atividades que movimentam bilhões de reais seria um dos principais “empregadores” do país e a principal atividade na região Amazônica.
É o que aponta o diretor-presidente do Fórum, Renato Sérgio de Lima, que alertou sobre o avanço preocupante, que pode levar a um processo de “mexicanização” do país. “No México, o principal empregador é o crime organizado. O Brasil ainda está longe disso, mas, em algumas regiões, como a Amazônia, isso já acontece”, ressaltou o especialista em entrevista ao Estadão.
A pesquisa intitulada Rastreamento de Produtos e Enfrentamento ao Crime Organizado no Brasil destaca que facções como o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV) movimentaram R$ 146,8 bilhões em 2022 com a comercialização de combustível, ouro, cigarros e bebida.
Esse valor é superior à movimentação do tráfico de cocaína, que no mesmo período foi estimada em R$ 15 bilhões. Para o especialista, o crescimento do crime sobre mercados ilícitos é uma ameaça para competitividade do país, além de contribuir para a redução da arrecadação de impostos.
“Os mercados lícitos começaram a ser explorados inicialmente para lavar o dinheiro da droga, mas acabaram gerando receita tão grande que a droga deixou de ser o negócio mais rentável. Sobretudo, o tráfico mantém o controle das rotas de comércio ilegal na Amazônia e no Mato Grosso do Sul. E a cocaína ainda é muito rentável”, disse o diretor.
Renato Sérgio conclui que o Brasil ainda tem tempo para reverter esse cenário, mas isso exige uma ação coordenada entre as diferentes esferas de governo. “Para fazer isso é preciso unir a dimensão econômica à da segurança pública. Melhorar a nossa capacidade investigativa, punir responsáveis, rastrear dinheiro”, comentou.