Júlio Gadelha – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – O vereador Rodrigo Guedes (PP) fez duras críticas à gestão do presidente da Câmara Municipal de Manaus (CMM), David Reis (Avante), acusando-o de “simplesmente não querer realizar um novo concurso público” para a Casa Legislativa, temendo que isso pudesse ameaçar os cargos comissionados.
A declaração foi feita em suas redes sociais neste domingo, 16/3, onde Guedes detalhou a reunião entre o Ministério Público do Amazonas (MPAM) e os vereadores, que resultou na anulação do concurso realizado em 2024.
Segundo o parlamentar, a anulação do concurso – recomendada pelo MPAM devido a irregularidades nos cargos de Procurador Legislativo e Médico – foi uma “desculpa perfeita” para evitar a nomeação dos 83 aprovados, cujo custo mensal seria de aproximadamente R$ 500 mil, ou R$ 6 milhões por ano.
“Aproveitou o que já queria fazer, que era não nomear, e simplesmente anulou o concurso. Assim, vai economizar o dinheiro que seria gasto com a nomeação dos 83 aprovados“, denunciou Guedes.
Ele ainda afirmou que a manobra visa adiar a realização do novo concurso para não sobrecarregar o orçamento, o que poderia forçar o órgão a demitir funcionários comissionados. Estes cargos, de livre indicação, são frequentemente utilizados como uma forma de apadrinhamento político.
O vereador questionou por que a gestão de David Reis não opta por cortar os 257 cargos comissionados na CMM, ou reduzir contratos sem licitação e verbas de gabinete.
“Se a ideia é cortar gastos, por que não reduzir os 257 cargos comissionados ou os contratos sem licitação? Mas não, preferem sacrificar quem passou em concurso público para manter a velha política dos apadrinhados“, afirmou Rodrigo Guedes.
Manobra para adiar novo concurso
Rodrigo Guedes também alertou que a anulação do concurso pode ser usada como uma estratégia para adiar indefinidamente a realização de um novo certame, já que a recomendação do MPAM não tem caráter obrigatório.
“O presidente da Câmara deixou muito claro que não tem orçamento para nomear os aprovados. Ele usa a anulação como justificativa para empurrar com a barriga a realização de um novo concurso“, destacou o vereador.
A anulação do certame ocorreu após a recomendação do MPAM, que apontou graves irregularidades nos cargos de Procurador Legislativo e Médico. A investigação revelou suspeitas de favorecimento, incluindo a possível interferência do procurador legislativo da CMM, Sílvio Bringel, para beneficiar seu genro, Jordan de Araújo Farias, aprovado como Procurador Legislativo, e sua filha, Milka Bringel, aprovada como Médica.
Essa situação gerou indignação entre os candidatos aprovados, que agora planejam judicializar o caso para reverter a anulação e buscar indenização por danos morais e materiais.
“Nos bastidores da Câmara já se especulava que o sucessor do presidente anterior, David Reis, não homologaria o concurso. Mesmo assim, a Comissão dos Aprovados tentou acreditar na institucionalidade do processo e buscou, sem sucesso, uma audiência com o gabinete da Presidência“, lamentou Tiago Esashika, presidente da Comissão dos Aprovados.
Enquanto isso, a recomendação sugere a realização de um novo concurso em até seis meses. No entanto, como destacou Guedes, o presidente da Câmara pode solicitar a prorrogação do prazo, adiando a situação para o próximo mandato ou até 2027, quando ele sairá da presidência.
Questionada sobre a denúncia, a Câmara Municipal de Manaus ainda não se pronunciou oficialmente sobre o assunto. O espaço permanece aberto.