Elen Viana – Rios de Notícias
PARINTINS (AM) – O renomado artista plástico Jair Mendes, uma das figuras mais emblemáticas do Festival Folclórico de Parintins, morreu no último sábado, 15/3, aos 82 anos. Antes de sua partida, ele foi homenageado em vida no Bumbódromo pelos bois-bumbás Caprichoso e Garantido.
Grande parte do que é apresentado hoje pelos bois-bumbás em Parintins tem a marca de Jair Mendes. Ele influenciou gerações de artistas do festival, tanto do Garantido quanto do Caprichoso, sendo reverenciado por todos que reconhecem sua contribuição revolucionária ao evento.
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Passagem marcante no Caprichoso
No Caprichoso, Jair Mendes recebeu uma homenagem no Bumbódromo em 2016. Em determinado momento, ele próprio se apresentou como tripa do boi, recebendo das mãos de seu pupilo Marquinhos Azevedo, o touro negro. Ao longo de mais de 50 anos de carreira, ele vestiu azul e branco em duas ocasiões.
“A homenagem de figura típica ao mestre Jair Mendes, que deu movimento ao boi de pano, de origem nordestina, que hoje é boi-bumbá. O mestre deu vida ao sonho do caboclo, recebendo merecidas homenagens de nossos artistas”, declarou o apresentador Fabiano Neves.

Na primeira passagem pelo Caprichoso, nos anos 1980, Jair esteve ao lado de grandes ídolos azulados que também já partiram, como Juarez Lima e Marquinhos Azevedo. Foi um dos primeiros tripas e responsável por dar movimento aos bumbás, repassando seus conhecimentos a Marquinhos, que construiu uma trajetória gloriosa no Caprichoso.
Já nos anos 2000, sua segunda passagem pelo boi foi marcada por uma conquista pessoal, trabalhar ao lado dos filhos. Ele dividiu o galpão com Jair Mendes Filho e Teco Mendes, artistas que seguiram seus passos na construção de alegorias.
Hoje, o galpão de alegorias do boi azulado leva o nome do artista, eternizando seu legado no festival.
História de amor no Garantido
A homenagem do Garantido ocorreu em 2023, quando o amo do boi, João Paulo Faria, versou sobre a história do coração na testa do Garantido. Antes, o boi possuía uma mancha escura na testa, que lembrava um coração, mas não era vermelha. Foi a pedido de Dona Maria Ângela que Jair Mendes transformou a mancha em um símbolo icônico.
“Na testa do Garantido, sempre existiu um coração. Na festa do boi bonito, sempre existiu um coração. Que antes não era vermelho, Maria Ângela então pediu ao mestre Jair, e o mestre de prontidão pintou da cor que hoje punça, no peito dessa nação”, versou o amo do boi.

No boi Garantido, Jair também marcou história ao assumir a presidência no início dos anos 1990. Além disso, ele foi o responsável por dar movimento ao “boi de pano”, permitindo que ele mexesse a cabeça, o rabo e as orelhas. Essa técnica, criada nos anos 1980, ficou conhecida como “Boi Biônico”.