Júlio Gadelha – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – O governador do Amazonas, Wilson Lima (União Brasil), indicou uma possível reconciliação com o prefeito de Manaus, David Almeida (Avante), durante entrevista ao podcast do Portal A Crítica. Elogiando o gestor municipal, Lima afirmou que Almeida “está em processo de subida” e ressaltou a importância da cooperação entre estado e município em áreas como saúde e educação.
Os dois políticos romperam relações devido as eleições de 2024, após Wilson apoiar Roberto Cidade (União Brasil) contra a reeleição de Almeida. A reaproximação é estrategicamente relevante, uma vez que Wilson é aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro e possível candidato ao Senado, enquanto Almeida se aproxima da esquerda, com apoio ao senador Omar Aziz (PSD), potencial candidato ao governo em 2026.
Flexibilização da oposição na Câmara
Em evento do União Brasil em Manaus, na quinta-feira, 10/4, Wilson Lima comentou as divergências entre os vereadores do partido na Câmara Municipal, que possui a segunda maior bancada (6 cadeiras). O grupo está dividido sobre a CPI dos Empréstimos, proposta pela oposição para investigar a destinação de R$ 1,75 bilhão em créditos obtidos pela prefeitura desde 2021.
Lima defendeu a autonomia dos parlamentares: “São donos dos seus mandatos e representam seus segmentos. É normal haver divergências em processos democráticos”.
Wilson Lima ainda justificou: “Há pautas com maior relevância, e nessas o União Brasil atua unido. Mas em questões como essa, em que há divergência entre os vereadores, é algo normal, pois faz parte do processo democrático.”
A declaração contrasta com sua postura em 2024, quando articulou a eleição do então vereador Caio André (União) para a presidência da Câmara, fortalecendo uma base oposicionista.
O posicionamento do governador surge após cinco dos seis vereadores do União Brasil (Marco Castilhos, Everton Assis, Aldenor Lima, Saimon Bessa e Professora Jacqueline) votarem a favor de projetos de interesse da prefeitura, ignorando a orientação do líder partidário, Diego Afonso. Eles também não assinaram o pedido da CPI dos Empréstimos, indicando um alinhamento com David Almeida.
Críticas da base aliada ao prefeito
O vereador Eduardo Alfaia (Avante), líder da base de Almeida, acusou a CPI de ser uma “manobra política disfarçada de fiscalização”. O discurso ocorreu no mesmo dia em que a proposta atingiu 9 das 14 assinaturas necessárias para ser instalada.
Contudo, a postura de Wilson Lima sugere uma estratégia de pacificação, abrindo caminho para possíveis alianças em 2026. Se consolidada, a reaproximação com Almeida pode redefinir o tabuleiro político no Amazonas, especialmente diante da polarização entre bolsonaristas e aliados de Omar Aziz na capital.