Letícia Rolim – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – O Outubro Rosa é um movimento internacional criado para conscientizar sobre a prevenção e o diagnóstico precoce do câncer de mama. No Brasil, a doença figura como uma das principais causas de morte entre as mulheres, e a detecção precoce é essencial. Nesta terça-feira, 19 de outubro, é celebrado o Dia Mundial do Combate ao Câncer de Mama.
O câncer de mama é uma doença caracterizada pelo crescimento desordenado de células anormais no seio, formando um tumor com potencial de se espalhar para outros órgãos. Essa é uma das principais causas de mortalidade feminina no país.
Para combater esse cenário preocupante, as principais ferramentas são o exame clínico da mama e a mamografia. Em Manaus, estima-se que haja aproximadamente 420 casos desse tipo de câncer, reforçando a importância da detecção precoce e da conscientização.
Para o médico oncologista, Washington Júnior, vários fatores contribuem para a alta prevalência do câncer de mama no Brasil, como socioeconômicos e culturais, tornando essencial abordar o tema o ano inteiro.
“O objetivo do Outubro Rosa é esse, compartilhar informações, promover a conscientização sobre essa pauta tão importante. É preciso lembrar que o câncer de mama não acontece só em outubro, ele acontece durante o ano inteiro”
Washington Júnior, médico oncologista
Superação
A vida da pedagoga Thays Oliveira, idealizadora do projeto “Apenas um Toque”, tomou um rumo inesperado quando, aos 25 anos, ela recebeu o diagnóstico de câncer de mama, mesmo sem histórico familiar.
Confrontando o estigma que muitas vezes se associa à doença, Thays percebeu a importância da detecção precoce e do apoio durante a pandemia.
“Eu entrei naquela fase do luto, porque o que a gente vê na mídia e em filmes relaciona o câncer a morte. Mas eu não vejo falarem que se detectada precocemente a gente tem muitas chances de cura. Eu senti muito a necessidade de ter apoio, pois recebi o diagnostico durante a pandemia”, disse Thays.
Ao receber o diagnóstico, Thays encontrou amparo em um grupo do aplicativo de mensagens “Curaterapia”. Posteriormente, ela sentiu o desejo de se conectar pessoalmente com aquelas que a ajudaram durante seu tratamento.
“A princípio era um encontro com 15 mulheres em frente ao teatro Amazonas, e acabou sendo 65 mulheres no primeiro ano”, contou a idealizadora do projeto.
Thays perdeu uma das mamas devido ao câncer e até hoje ela tem limitações no braço esquerdo devido a cirurgia realizada no local. De acordo com ela, trocar experiências se tornou vital durante esse período desafiador, e a iniciativa visa oferecer apoio emocional.
“Trocar experiencia é extremamente necessário nesse período. Fizemos o encontro com outras mulheres e surgiu o projeto ‘Apenas um toque’, que acima de tudo é acolhimento“, explica a pedagoga.
Apesar de receber tratamento em uma rede particular, o projeto “Apenas um Toque” se estendeu para acolher mulheres de outras redes, como o Cecon. Thays conta que por meio das redes sociais, inúmeras histórias e relatos de pacientes alcançam Thays e sua equipe, demonstrando a necessidade de apoio mútuo.
“Pelas redes sociais chegam várias pessoas, diversos relatos. Há alguns dias chegou uma moça, que recebeu o diagnóstico aos vinte e cinco anos, sem histórico familiar também, que sentiu a necessidade de conhecer uma pessoa que já passou pelo o que ela esta passando”, disse.
Thays enfatiza a importância dos grupos de apoio, pois, embora o suporte da família e dos amigos seja inestimável, compartilhar experiências com alguém que passou pelo mesmo desafio é uma experiência importante.
“O apoio familiar e dos amigos é necessário, sem dúvidas. Mas trocar experiência com alguém que vivenciou, é diferente, essa é a importância dos grupos de apoio”, ressalta Oliveira.
A idealizadora do projeto enfatiza que o “Apenas um Toque” tem uma missão dupla: conscientizar as mulheres sobre a importância da autocuidado e da detecção precoce do câncer de mama, enquanto também oferece apoio e celebra cada etapa do processo daquelas que receberam o diagnóstico e estão em tratamento.
“O ‘Apenas um toque’ é para celebrar as nossas vitórias, a gente que passa pelo processo de cura do câncer costuma celebrar cada processo, cada pequena vitória”
Thays Oliveira, pedagoga e idealizadora do projeto “Apenas um Toque”
Mortalidade
De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), em dados atualizados em outubro deste ano, o câncer de mama continua a ser a principal causa de morte por câncer entre as mulheres no Brasil. Em 2021, os óbitos relacionados a essa doença ocuparam o primeiro lugar no país, representando impressionantes 16,1% do total de óbitos por câncer. A preocupante estatística é mais acentuada nas regiões Sul e Sudeste do Brasil.
“É o câncer mais prevalente no mundo, independente do sexo e da idade. No Brasil, ele é o câncer mais prevalente em mulheres, é o que mais mata. Muitos diagnósticos são tardios, pela falta de acesso a informação, falta de educação em saúde”, afirmou o oncologista Washington.
No Amazonas, a taxa estimada de casos de câncer de mama é de 9,44 casos para cada 100 mil mulheres, conforme dados disponíveis. Entretanto, dados mais recentes mostram que as taxas ajustadas de mortalidade por câncer de mama são mais elevadas em algumas Unidades Federativas, como as da região Sul, São Paulo, Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul e Pernambuco.
As taxas de mortalidade por câncer de mama são mais elevadas entre mulheres de idade mais avançada. No entanto, a mortalidade proporcional é maior no grupo etário de 50 a 69 anos, que representa cerca de 45% do total de óbitos por esse tipo de câncer.
Sintomas
O câncer de mama é uma preocupação crescente para as mulheres em todo o mundo. Os sintomas do câncer de mama palpável incluem a presença de um nódulo ou tumor no seio, que pode ou não ser acompanhado de dor mamária.
Além disso, podem surgir alterações na pele que recobre a mama, como abaulamentos, retrações ou um aspecto semelhante à casca de uma laranja. Também é possível que nódulos palpáveis apareçam na axila.
Exames e detecção
O médico Washington Júnior destaca a importância do autoexame da mama como uma ferramenta para a identificação precoce de possíveis alterações. Ele enfatiza que o autoexame não só ajuda as mulheres a conhecer melhor seus corpos, mas também a reconhecer quando algo está errado.
“O autoexame serve para que a mulher se conheça, para saber quando algo está errado no seu corpo. Ele (autoexame) pode ser feito quando ela está naquele momento confortável, quando está no banho, deitada, ou pode pedir para o parceiro ajudar a fazer”, ressaltou Júnior.
“Levante os braços para facilitar a apalpação das mamas e comece a sentir no sentido horário, de fora para dentro, nas duas mamas. Não esqueça de verificar a axila, pois alterações também podem ser detectadas nessa região.”, explica o médico.
O Ministério da Saúde recomenda que as pessoas realizem exames clínicos entre 50 e 69 anos, em intervalos máximos de 2 anos, visando a detecção precoce do Câncer de mama.
O exame de mamografia desempenha um papel crucial na detecção precoce do câncer de mama. É um exame de raio-x que pode revelar lesões em estágios iniciais, mesmo as muito pequenas. Embora possa causar algum desconforto devido à compressão da mama, esse procedimento é suportável e é importante para a prevenção e diagnóstico precoces.
O câncer de mama é uma condição séria que afeta não apenas a saúde física, mas também a saúde mental e emocional das mulheres. Portanto, é fundamental estar ciente dos sintomas, fazer exames regulares e adotar práticas de prevenção.