Gabriela Brasil – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – O presidente da concessionária Amazonas Energia, Márcio Zimmerman, explicou o panorama financeiro e administrativo da empresa, em coletiva de imprensa realizada na tarde desta quarta-feira, 29/11, que motivaram a recomendação da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) de acabar com o contrato de concessão.
Uma das motivações seria a dívida oculta de mais de R$ 7 bilhões da Amazonas Energia interpretada pela Aneel como um desequilíbrio financeiro. Essa seria uma das razões que agência teria recomendado ao Ministério de Minas e Energia o fim do contrato de concessão.
O valor da dívida, de acordo com Márcio Zimmerman, foi repassado para a concessionária sem o conhecimento da atual contratante durante a finalização da privatização da empresa em 2019.
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A princípio, a contratante arrebatou o leilão da empresa em 2019 com a expectativa de lidar com uma dívida de R$ 2,6 bilhões. No entanto, conforme o presidente da Amazonas Energia, a partir da análise do balanço financeiro da concessionária, a Anel constatou que a dívida é de R$ 7 bilhões.
O presidente da concessionária de energia do Amazonas ressaltou que a receita anual da empresa é de R$ 500 milhões, não sendo viável arcar com o montante de R$ 7,6 bilhões. Ele ressaltou que a dívida é de “origem”, e que a atual contratante não criou novas dívidas.
“Eu participei de um leilão onde eu tinha uma expectativa de lidar com uma dívida de R$ 2,6 bilhões. Agora se eu descubro no momento seguinte que a dívida é de R$ 7,6 bilhões e eu só tenho R$ 500 milhões é inviável. Aí eu vou buscar os direitos”, disse o presidente.
Pilares
O presidente Marcio Zimmerman citou outros dois pilares que levaram a Anel aplicar a recomendação de caducidade: a falta de ações para reduzir a perda de energia e inadimplência.
Ele destacou que a concessionária tentou implementar uma ferramenta para impedir o roubo de energia em 2021. Porém, na época, o instrumento sofreu grande rejeição da população e por parte da classe política local. A perda financeira anual de desvios de energia na capital amazonense, conforme o presidente, é de aproximadamente R$ 500 milhões.
“O consumidor tem que pagar um sobrecusto de R$ 600 milhões. Então, é a típica operação perde e perde. Ninguém ganha com desvio de energia”
Outro fator que levou a recomendação da Aneel é a inadimplência à nível estadual e dos municípios do interior.
“O Amazonas não produz a sua energia, ela compra. Se ela compra tem que pagar. Quando ela compra essa energia e é entregue, ela só recebe metade, então isso vai criando um descompasso de caixa”
Márcio Zimmerman, presidente da Amazonas Energia