Redação Rios
O PSDB elegeu nesta quinta-feira, 30, o ex-governador de Goiás Marconi Perillo como seu novo presidente, após uma eleição da Executiva Nacional que expôs novo racha no partido. A sigla, que vem acumulando uma série de reveses políticos nos últimos anos, tenta se unir com foco nas disputas municipais do ano que vem e na campanha presidencial de 2026.
O novo presidente chega ao comando do partido apoiado pelo deputado Aécio Neves (PSDB-MG), que recuperou influência no partido após ser absolvido de uma acusação de corrupção passiva que o havia afastado dos holofotes. O consenso em torno de Perillo foi alcançado apenas nesta quinta-feira, 30. O ex-senador José Aníbal (PSDB-SP) chegou a concorrer ao posto, como contraponto ao grupo de Aécio.
“Eu não acho que disputa divide. O Mário Covas se irritava com isso. Disputa unifica. Terminou a disputa, está todo mundo junto O que nós não podemos é ficar fazendo de conta que a nossa unidade é sólida. Estamos unidos, olha essa vitória, mas é uma unidade que não tem uma âncora política sólida. O PSDB está um pouco perdido no panorama que temos hoje da política brasileira”, disse Aníbal, na convenção.
O ex-senador disse que o PSDB não pode se confundir com a “oposição odienta” e elogiou o ministro da Fazenda do governo Lula, Fernando Haddad. “Eu até quero admitir que o atual ministro da Fazenda tem uma sensibilidade para esses temas”, disse, ao falar da importância da transição energética. “Mas o Congresso Nacional dificulta muito o trabalho dele, é uma tarefa árdua”, emendou.
O deputado Beto Pereira (PSDB-MS) disse que os atores políticos do partido tiveram maturidade para convergir. “Essa manifestação hoje, consensuada, demonstra maturidade”, afirmou.
Um grupo de deputados federais cogitou lançar o líder do partido na Câmara, Adolfo Viana (BA), para a presidência da sigla. “Houve um movimento que foi capitaneado pelo Adolfo dentro da bancada que era, justamente, para que tivéssemos espaço e representatividade dentro da Executiva, de busca de espaço”, afirmou Pereira.
Perillo assume a sigla no lugar do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, que decidiu deixar o cargo com a justificativa oficial de que precisa se dedicar ao governo estadual. Ele, contudo, também acumulou atritos ao promover intervenções nos diretórios da legenda na capital paulista e no Estado. A expectativa é que Leite seja candidato à Presidência da República em 2026 pelo partido.
“Não somos candidatos a mito, nem a super-heróis e nem a salvadores da pátria”, declarou Leite, na convenção, após reconhecer as disputas internas no PSDB. “Somos humanos”, justificou.
Antes de Aníbal anunciar que disputaria a presidência do partido contra Perillo, Leite também tentou construir uma chapa liderada pelo ex-senador Tasso Jereissati para a presidência do PSDB, mas não conseguiu. Motivo: Tasso e Aécio são desafetos e não houve acordo.
Prévias causaram trauma nas fileiras tucanas
No ano passado, o PSDB sofreu mais uma derrota ao perder o governo de São Paulo, Estado que administrava há quase três décadas. Após uma debandada de tucanos históricos, como Geraldo Alckmin – hoje vice-presidente da República – e a saída do ex-governador João Doria, o partido acabou sem candidato próprio ao Palácio do Planalto e suas alas entraram em guerra.
Nas prévias realizadas pelo PSDB para a escolha do candidato à Presidência, há exatos dois anos, Aécio apoiou Leite, em um movimento que tinha como objetivo derrotar Doria. Mesmo assim, Doria venceu a eleição interna. Pressionado pelo próprio partido, no entanto, o ex-governador renunciou à candidatura e, onze meses depois, pediu desfiliação. O PSDB fez aliança com o MDB, que lançou Simone Tebet, hoje ministra do Planejamento.
Além da expectativa de lançamento da candidatura de Leite ao Palácio do Planalto em 2026, Aécio também se prepara para disputar o governo de Minas, Estado que já governou. O agora deputado era senador e presidente do PSDB quando, em 2017, foi acusado de pedir propina de R$ 2 milhões a Joesley Batista, um dos donos da JBS, em troca de favores no Congresso. Em julho deste ano, o Tribunal Regional da 3.ª Região (TRF-3) manteve sua absolvição por unanimidade.
Perillo, por sua vez, chegou a ser preso em 2018. Foi acusado de corrupção passiva e organização criminosa em caso envolvendo suspeita de pagamentos da empreiteira Odebrecht.
No ano passado, porém, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes anulou medidas da investigação contra Perillo, tornando inviável o processo contra ele. O ex-governador ainda tentou se eleger para uma cadeira no Senado, mas foi derrotado.
*Com informações da Agência Estado