Vívian Oliveira – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – O Dia das Mães é uma das datas mais marcantes do ano, porque carrega a simbologia do cuidado, da educação, do amor e tantos outros sentimentos que envolvem a relação maternal. Mas, nem todas as crianças encontram em suas gestoras essa ligação que faz toda diferença para suas vidas. Para algumas, são as mães sociais que oferecem o acolhimento e aconchego que tanto precisam.
Com 37 anos dedicados a ser uma luz na escuridão para centenas de meninas em situação de vulnerabilidade social e vítimas de violência, a amazonense Liliana Maria Daou Lindoso é a religiosa, a mãezona, por trás da obra social Casa Mamãe Margarida, localizada na zona Leste de Manaus e que atua como um abrigo temporário, fornecendo um ambiente seguro e acolhedor. Além disso, a instituição oferece assistência psicológica, acompanhamento educacional, acesso a serviços de saúde, atividades recreativas e capacitação profissional.
Formada em Serviço Social pela Universidade de Brasília (UnB), Liliana sempre sonhou com uma vida em prol daquelas pessoas que precisam. Tem como lema a frase bíblica dita por Jesus Cristo “Eu vim para que todos tenham vida, e vida em abundância“.
“Aqui, o dia das mães é trabalhado todos os dias. Mas é um enfoque muito maior de resgate, entende? Principalmente para as meninas do acolhimento, porque essa conexão foi rompida, na maioria dos casos. Mas, acredito que o amor tudo cura”
Irmã Liliana Daou, diretora da Casa Mamãe Margarida
Acolhimento
A Casa Mamãe Margarida cuida de meninas que são enviadas pelo Juizado da Infância e da Adolescência, conselhos tutelares e pela busca ativa da instituição na comunidade. Estas últimas são notificadas para o juizado que providencia a formalização da permanência delas no abrigo.
Hoje, a instituição possui 23 crianças nas dependências do abrigo, que passa por uma reforma para oferecer um suporte adequado a elas. Dormitórios, refeitório e uma ludoteca estão em fase de conclusão. Além disso, o espaço atende crianças mais de 300 crianças em uma escola de tempo integral.
No ambiente socioeducativo, as crianças têm atendimento psicológico e social. Os educadores têm formação profissional para acompanhar e saber como está a vida familiar dos estudantes. Nas férias escolares, os professores visitam as famílias como uma forma de saber se alguém está passando por algum problema ou necessidade.
“Pela falta da ajuda de companheiros, escolhi para minha vida essa missão, de estar presente na vida das pessoas para fazê-las crescer e conhecer a Jesus e saber que Ele é o maior presente das nossas vidas. Como salesiana, tive a oportunidade de ser enviada pra essa missão e sou eternamente grata a Nossa Senhora Auxiliadora, que traz essas meninas para que possamos traçar um projeto de vida, uma mudança para crescerem felizes“
Irmã Liliana Daou, diretora da Casa Mamãe Margarida
Dia de festa
Para a Casa Mamãe Margarida, o mês de maio representa um período de grande movimentação na instituição. Além o Dia das Mães, no dia 24 de maio é celebrado o dia de Nossa Senhora Auxiliadora, considerado o ápice do ano.
“Toda a comunidade vem à Casa Mamãe Margarida para rezar um terço Mariano. Além disso, tem música, dança, lanches e as homenagens à Nossa Senhora e às mães também. É um dia de muita festa e gratidão”, celebrou irmã Liliana.
Casa Mamãe Margarida
A obra social Casa Mamãe Margarida teve sua fundação em 24 de fevereiro de 1986 e sua inauguração em 2 de abril do mesmo ano. Desde então, a ação evangelizadora, educativa e social desenvolvida é empenhada em gerar, promover, defender e cuidar da vida, tendo como ponto de partida a Caridade de Cristo Bom Pastor. Nestes 37 anos de existência, a obra social promove ações assistenciais e psicológicas, de inclusão social, educacionais, esportivas, lúdicas e culturais.
“Quando fazemos o bem a uma criança dessas, quando a fazemos sorrir, quando a abraçamos ou investimos um tempo de qualidade com ela, podemos estar tirando-o de um buraco existencial que talvez nem imaginemos“, comenta irmã Liliana.
O espaço conta com os apoios do Governo do Amazonas e da Prefeitura de Manaus, mas não são suficientes para cobrir as despesas. Por isso, a direção sempre busca por doações e pelo voluntariado. “Aceito voluntários que queiram vir trabalhar, ajudar na cozinha. São sempre bem-vindos. Mas não só para trabalhar. Você pode vir para passear, conhecer, ficar com uma criança do abrigo por uma hora, brincar, dar carinho e amor. Isso também é muito importante. Alguns grupos de pessoas vêm e doam um pouco do tempo deles com as crianças“, finaliza a diretora da Casa.