Vívian Oliveira – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – No dia Internacional da Mulher, mulheres de Manaus se mobilizam em um ato de protesto contra a violência e pela conquista de direitos fundamentais nesta sexta-feira, 8/3.
Com o título “O Medo Não Vai Nos Parar”, a manifestação terá início às 15h na Praça da Matriz, seguida por uma marcha pela Avenida Eduardo Ribeiro às 17h e encerramento com um Encontro Cultural às 18h, no Largo de São Sebastião. O acesso é gratuito e aberto a todas que desejam se unir à causa.
“Com o ato, esperamos transmitir a ideia de que não devemos deixar o medo nos paralisar e nos impedir de lutar por aquilo em que acreditamos. No Dia Internacional da Mulher, nós buscamos encorajar as pessoas que não concordam com a violência contra as mulheres a se unir em prol de uma causa, demonstrando coragem, força e determinação”, explica Francy Júnior, que é educadora, atriz, historiadora, produtora cultural e coordenadora do Fórum Permanente das Mulheres de Manaus (FPMM).
Quatro décadas de resiliência
A história do movimento remonta ao ano de 1985, ou seja 39 anos atrás, quando mulheres da capital amazonense se uniram para exigir melhorias em diversas áreas, como igualdade de gênero, direitos trabalhistas, educacionais e proteção contra a violência.
“Ao longo de quase quatro décadas, ir para as ruas se manifestar trouxe mudanças sociais e políticas, além da compreensão por parte do poder público quanto ao direito da população a transparência de informações. Esse tempo também foi importante para nós, da sociedade civil, continuarmos atentas, nos reinventando e reivindicando direitos, pois a luta das mulheres é todo dia. A maior delas é contra o machismo que tenta relativizar e banalizar violências hediondas (estupro, violência doméstica familiar, feminicídio) contra mulheres e meninas, alegando que tudo é ‘mimimi'”, esclareceu a assessoria.

O FPMM, espaço democrático e de empoderamento, que reúne outros movimentos e coletivos de mulheres da capital e municípios, destaca o impacto desses movimentos na conscientização pública e na luta contra o patriarcado, que é o sistema social segundo o qual os homens estão no centro.
De acordo com Francy, as cinco organizações que compõe o FPMM conseguiram articular com outras 39 organizações, movimentos e grupos de mulheres para o ato. “A democracia, para ser democrática, precisa do nosso olhar, da nossa ação e daquilo que nós acreditamos”.
“Esperamos mobilizar a sociedade e temos utilizado diferentes estratégias de comunicação para fomentar o engajamento em prol da causa. Queremos chamar a atenção de todas as mulheres para que as pessoas comecem a visualizar toda a violência que sofremos. Manaus anda muito violenta com as mulheres. Somos negras, brancas, pardas, indígenas, ribeirinhas, urbanas, trans, lésbicas, cis, e estaremos na rua no dia 8 de março para ecoar nossas vozes e fazer com que a sociedade reflita em relação à violência contra as mulheres”, destacou Francy.
Estatística
Dados revelam que a violência contra a mulher não é apenas um problema de segurança pública, mas também de saúde e trabalho. No ano de 2022, mais de 4.600 casos foram registrados no Amazonas, com destaque para agressões a jovens entre 10 e 29 anos.
Em 2023, a situação não melhorou, com uma média de uma medida protetiva concedida por hora, segundo o Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM). E o início de 2024 já registrou diversos casos de crimes violentos contra mulheres em várias cidades do estado.
Diante desse cenário, as mulheres se mobilizam novamente para reafirmar sua resistência e exigir seus direitos. O movimento também se alinha com a luta feminista global, celebrando o Dia Internacional da Mulher desde sua instituição pela ONU em 1975.
*Com informações da assessoria