Letícia Rolim – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – O reality Big Brother Brasil (BBB), não tem tem sido apenas palco de entretenimento para quem o acompanha, mas também de uma imersão no comportamento humano durante um confinamento com outras pessoas de diferentes lugares e personalidades. O ‘BBB’ dá a oportunidade de todo o mundo assistir os participantes que estão confinados durante 24 horas por dia.
Desde o recente ‘surto’ da participante Leidy Elin, passando pela presença de Vanessa Lopes, as câmeras capturam não apenas os momentos de diversão, assim como os desafios psicológicos enfrentados por cada um dos participantes.
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Consultando especialistas, o Portal Rios de Notícias mergulhou nos efeitos do confinamento prolongado sobre a mente dos participantes. A psicóloga Deborah Pacheco explica que os primeiros efeitos são referentes à síndrome do impostor, que leva o participante a se questionar sobre muitas coisas sobre si e o que está a sua volta.
“Os efeitos iniciais podem ser o medo do futuro. Em geral, o confinamento nos leva a conflitos internos e inseguranças de aceitação, a síndrome do impostor, onde ficamos questionando o merecimentos a cerca de reconhecimento e ganhos, principalmente, a autocobrança de aproveitar o momento. Programas de confinamentos nos põem a mercê do julgamento de outras pessoas, e se o indivíduo não tem certeza do que é, para que foi e do seu próprio sentido de vida, pode se perder em sua história”, disse Pacheco.
Existe, também, a questão de lidar com o julgamento e a pressão, que podem desencadear situações mais complexas após o término do confinamento, como explica a psicanalista Samiza Soares.
“Alguns dos participantes podem enfrentar dificuldades para lidar com a fama repentina, pois há o julgamento do público e a pressão para manter uma imagem pública. Além disso, o ambiente competitivo e o isolamento podem causar estresse emocional, ansiedade e até mesmo sintomas de depressão após o programa”
Samiza Soares, psicanalista
Comportamento
É possível analisar que o ambiente de confinamento, com vigilância constante por câmeras, influencia o comportamento e a interação social dos participantes. Nesse caso, Deborah explica que não é possível manter um ‘personagem’, haja visto que, terão momentos em que a emoção fala mais alto.
“Mesmo diante das câmeras, as emoções falam mais alto em momentos de intensidade. Tentamos nos adaptar ao que é aceitável, mas nem sempre estamos preparados para lidar com nossa própria ‘sombra’. O julgamento constante nos exige uma maturidade emocional que nem todos possuem.”, ressaltou a psicóloga.
Segundo Samiza Soares, alguns participantes podem recorrer a comportamentos dramáticos ou fora de sua personalidade habitual para chamar atenção ou criar entretenimento.
“Um ambiente assim, leva-os a agir de forma mais dramática ou fora de sua personalidade habitual para chamar atenção ou criar entretenimento. Isso pode afetar suas interações sociais, tornando-as mais calculadas ou exageradas do que seriam em um ambiente normal.”, disse Soares.
Apesar de ser uma experiência única para os participantes, o reality show em que a exposição pública é constante e a pressão por entretenimento é intensa, revela muitos aspectos ao mostrar os altos e baixos do comportamento humano sob os holofotes.
Reações
As especialistas ressaltam que medida a competição, as alianças e as tarefas designadas dentro do ambiente de confinamento podem afetar o comportamento e as dinâmicas de grupo dos participantes. Pacheco compara o confinamento com um ambiente de trabalho, onde em determinados momentos, a competição ou outros fatores tendem a ‘suspender as alianças’.
“Quando coagido, inclinamos a reagir, tendo como parâmetro o instinto de sobrevivência. Dessa forma, as pessoas buscam sobreviver entre grupos e no jogo por uma semana, é como trabalhar constantemente com pressão e metas. Você se baseia na sua melhor estratégia, quem tem espírito de competitivo é movido a estratégia. Sobrevive quem tem a melhor.”, explicou Deborah.
Caso Vanessa Lopes
De acordo com a psicóloga Deborah Pacheco, no caso da ex-BBB e influenciadora Vanessa Lopes, os principais desafios emocionais que ela enfrentou já eram decorrentes de experiências vividas anteriormente. Em um ambiente como esse, o comportamento e o bem-estar mental dela estavam ligados a essas inseguranças.
“No caso da participante Vanessa Lopes, o confinamento apenas evidenciou o que provavelmente já a incomodava. Ela relatou diversas vezes que a insegurança sobre o que os outros pensam a desagravada. O pensamento a cerca da imagem pessoal e cognitiva despertou nela o sentimento de perseguição e fuga da realidade. Como nos cita Epíteto ‘ Nenhum homem é livre se não for senhor de si mesmo’. Não temos como exigir do outro o que não encontramos em nós”, disse a psicóloga.
Relações e influencias
A dinâmica do ‘BBB’ não se limita apenas às provas e festas, mas também envolve a difícil tarefa de votar em colegas para o temido ‘paredão’, onde um participante corre o risco de ser eliminado. Esse processo pode ter um profundo impacto psicológico sobre os competidores, como explicam as especialistas.
A psicóloga Deborah Pacheco destaca que o programa funciona como uma arena para a mediação de conflitos, tanto internos quanto externos. “As relações estabelecidas são superficiais, e a maturidade emocional dos participantes é muitas vezes frágil. Ninguém quer ser ‘planta’, sem história ou relevância na competição”, ressalta Pacheco. O ato de votar em seus colegas, portanto, pode intensificar esses conflitos e afetar as alianças formadas ao longo do jogo.
Para a psicanalista Samiza Soares, a pressão da audiência externa também desempenha um papel crucial no comportamento dos participantes. “Essa pressão os leva a agir de forma mais dramática ou controversa, buscando ganhar popularidade ou evitar críticas. Isso aumenta o estresse emocional e a ansiedade dos participantes, que se sentem constantemente observados e julgados”, explica Soares.
Assim, além dos desafios internos enfrentados pelos participantes, como a necessidade de tomar decisões difíceis e lidar com as consequências emocionais, eles também estão sujeitos à influência externa da audiência, o que torna a experiência uma verdadeira montanha-russa emocional.
Todos esses elementos podem ter um impacto significativo no comportamento dessas pessoas. Quanto mais tempo passam em confinamento, maiores são as chances de surgirem conflitos, à medida que o jogo se intensifica e a pressão aumenta.