Vívian Oliveira – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – “Não existe fogo natural na Amazônia. O fogo é feito propositadamente por criminosos ou é a transformação da cobertura vegetal, para determinados usos e, depois, o ateamento de fogo”, afirmou a ministra do Meio Ambiente e Mudança Climática, Marina Silva, durante coletiva de imprensa realizada nesta sexta-feira, 13/10, ao comentar ações do governo federal para combate aos incêndios florestais no Amazonas.
“Tivemos um período de quatro anos de estímulo à grilagem, completa desestruturação das equipe de fiscalização, intimidação dos agentes do Ibama e do ICMB e de todos que fazem esse enfrentamento”, disse a ministra ao criticar o desmonte da política ambiental do Governo Bolsonaro, reforçando que as queimadas também são resultado do desmatamento descontrolado.
Para lidar com a atual crise, a ministra anunciou que mais de 300 brigadistas foram mobilizados para combater os incêndios que afetam o Amazonas. Segundo dados coletados nesta quinta-feira, 12/10, a região enfrenta um total de mil focos de calor.
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O ambientalista, biólogo e presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Rodrigo Antônio de Agostinho Mendonça, reforçou a afirmação da ministra Marina sobre a origem criminosa dos incêndios durante a coletiva. Ele também detalhou as ações de combate aos focos de queimadas no Estado.
Mendonça ressaltou a influência do El Niño, um dos mais intensos já registrados, comparável ao de 1997. O aumento da temperatura das águas do Pacífico e do Mar do Norte contribui para a ampliação do problema, gerando efeitos que se estenderão por meses. Segundo ele, a situação climática é particularmente delicada, pois agrava a tendência de risco de fogo, afetando diretamente a região.
“A gente nunca teve um aquecimento tão rápido acontecendo numa área tão extensa. Nós não estamos falando em algo localizado. Quando a água se aquece, ela demora para resfriar. Então, isso também é um ponto bastante complicado de toda essa história”, afirmou.
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O ambientalista destacou que a maior parte dos incêndios na Amazônia ocorre em áreas que já foram desmatadas, sendo que 73,5% deles ocorreram entre 2019 e 2023. Além disso, a estratégia principal para combater os incêndios é combater o desmatamento, já que muitos incêndios são causados após a derrubada da floresta úmida.
A estratégia principal para combater os incêndios, de acordo com Mendonça, é combater o desmatamento, uma vez que as pessoas desmatam áreas úmidas, aguardam a secagem e então provocam as queimadas. Com o aumento da seca, os incêndios também começam a ocorrer em áreas de floresta em pé, saindo do controle.
“A floresta tenta regenerar, aí queimam no ano seguinte. Ela regenera de novo, queimam no terceiro ano. Normalmente, leva de três a cinco anos de queimadas na mesma área para que haja a limpeza completa e o fim da floresta naquele local”, revelou.
Redução de Alertas de Desmatamento
O ambientalista destacou a redução significativa nos alertas de desmatamento na Amazônia em setembro, com uma queda de 56%. De janeiro a setembro, a queda foi de quase 50%. Ele enfatizou que essa redução é um progresso importante, pois representa a preservação de aproximadamente 500 mil hectares de floresta.
Em relação ao Amazonas, ele mencionou uma queda de 64% no desmatamento de janeiro a setembro, com uma redução de 66% em setembro. Nos primeiros 10 dias de outubro, houve uma queda de 71% no desmatamento, de acordo com dados do INPE.
O biólogo informou que estão intensificando o combate às queimadas com a ajuda de mais 289 brigadistas, além de 200 kits de equipamentos doados para a contratação de mais brigadistas. Além disso, estão sendo disponibilizados mais dois helicópteros.
O presidente do Ibama ressaltou a intensificação da fiscalização, com mais de 11 mil multas aplicadas este ano por desmatamento. Ele mencionou que uma equipe especializada está focada na preservação da fauna e que estão adotando diversas estratégias para combater as queimadas.