Letíci Rolim – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – A neuropsicóloga, neurocientista e fundadora do Instituito de Neuropsicologia do Amazonas (INEPAM), Conceição Barbosa, destacou, nesta sexta-feira, 28/4, a importância da neurociência no diagnóstico de crianças, jovens e adultos com autismo.
Conceição enfatizou a relevância do mês de conscientização: “A gente sabe que essa lei foi constituída no Brasil em 2013, e é importante para desmistificar algumas inverdades sobre o portador do transtorno de autismo.
O autismo foi visto por muitos anos como uma condição. Ele não é uma condição social e nem comportamental. Ele é uma condição fisiológica.
O autista nasce com uma disfunção cerebral, que é irreversível. Se fosse comportamental ele ficava bem, a gente treinava o cerebro, o comportamento e ele deixava de ser autista.
Uma vez que você tem um diagnostico ainda bebê, você leva pra vida. Hoje a gente têm adultos com diagnostico tardio, porque o autismo é uma coisa muito nova, principalmente no Brasil”, explicou a neuropsicóloga.
A neuropsicóloga explicou, em entrevista à Rios, como as pessoas com autismo eram tratadas antigamente, quando havia pouca informação sobre o transtorno. Crianças com autismo poderiam levar anos para começar a falar, mas isso não significava que não entendiam o que era dito a elas.
“Eles eram tratados como um transtorno global do neurodesenvolvimento, uma criança que não falava antes, o sinal marcado do autismo era a linguagem não verbal, ficava com 5,6,7 anos e não falava, mas entendia tudo. Ele ouvia, ele compreendia, mas não falava”
Neuropsicóloga e Neurocientista Conceição Barbosa
Conceição destacou que, na neurociência, o autista é considerado intríseco, ou seja, não depende de relacionamentos interpessoais para se sentir bem. Por isso, muitas vezes, a interação social não é necessária para a pessoa com autismo, que pode preferir se dedicar a atividades que sejam do seu interesse, como a leitura.
Em alguns casos, a criança autista pode apresentar sensibilidade sensorial, podendo ser hipersensível ou hipossensível aos estímulos sensoriais. A neurocientista explica sobre isso: “Eles tem um déficit que é na atenção auditiva, então os amperes dos autistas são alterados três vezes dentro da normalidade padrão, um barulhinho para nós de sessenta amperes, para eles é cento e oitenta amperes, por isso alguns colocam aos mãos nos ouvidos quando ouve um barulho” , informou Conceição.
De acordo com a neurocientista, o autista severo tipo 3 tem disfunção em todos os sentidos, por isso enxergam e ouvem de forma diferentes, eles tem muita seletividade, pois não sabem distinguir e ter a percepção dos sabores, de toque e de olfato. O autista moderado que é tipo 2, pode ter disfunção em até três sentidos. A doutora destacou ainda que os testes psicológicos e neuropsicológicos ajudam em um diagnóstico mais específico, fazendo um mapeamento com mais precisão e pode ser feito com pessoas de todas as idades.
Conceição esclareceu como funciona o tratamento para pessoas autistas e ressaltou que pode ser feito aqui em Manaus: “Hoje o instituto de Neuropsicologia é o primeiro de Manaus, mas temos tecnologia de ponta. Hoje não é necessário ir à São Paulo para fazer o tratamento de um autista, para fazer a reabilitação, pois nós trabalhamos com a reabilitação neurocognitiva com as disfunções que os autistas têm”, e completou “Não existe o tratamento para a cura, existe a funcionalidade. Nós deixamos ele funcional”.