Vívian Oliveira – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – O acidente que ocorreu neste sábado, 16/9, no município de Barcelos, a 400 quilômetros de Manaus, e que causou a morte de 14 pessoas é o quinto maior em número de vítimas, no Amazonas. A tragédia aérea na primeira capital do Amazonas representa o sexto acidente registrado no Estado em um período de 61 anos.
Além disso, o acidente em Barcelos é o maior do Brasil desde 2011, quando um avião caiu no Recife, Pernambuco, em que as 16 pessoas que estavam no voo morreram.
Confira os principais incidentes aéreos que marcaram a história do Amazonas:
Rio Preto da Eva em 1962
O primeiro acidente ocorreu em 14 de dezembro de 1962, quando o avião Constellation PP-PDE da Panair do Brasil, que saiu de Belém com destino a Manaus, caiu no município de Rio Preto da Eva. Todos os 56 ocupantes da aeronave perderam a vida.
Após decolar do aeroporto Santos Dumont na manhã do dia 13 de dezembro de 1962, a aeronave faria escala em várias cidades até decolar de Belém para Manaus, destino final da viagem.
Durante a aproximação final, na madrugada do dia 14, a tripulação solicitou a torre do Aeroporto da Ponta Pelada que ligasse as luzes de sinalização da pista. Depois de um breve contato com a torre, a aeronave desapareceu. Ao constatar o desaparecimento, foi acionado o Esquadrão Aeroterrestre de Salvamento da Força Aérea Brasileira (FAB), que iniciaria as buscas.
Os destroços foram localizados às 10h do dia 15, nas proximidades de Rio Preto da Eva. Por conta de o local ser de difícil acesso e parte do bojo da aeronave ter sido encontrada intacta, houve uma expectativa de serem encontrados sobreviventes.
Porém, não foram encontrados sobreviventes entre os 44 passageiros e 6 tripulantes do avião. Após 61 anos, ainda não se sabe de fato o que causou a queda do Constellation.
Tabatinga em 1982
Em 12 de junho de 1982, ocorreu o desastre aéreo de Tabatinga, envolvendo um avião da Transportes Aéreos Regionais da Bacia Amazônica (TABA). O acidente, causado por uma série de erros, resultou na morte de 44 pessoas.
O Fairchild Hiller FH-227 da TABA, prefixo PT-LBV, decolaria às 5h30min do aeroporto de Eirunepé, a 1.159 quilômetros de Manaus. A aeronave transportava 40 passageiros e 4 tripulantes e tinha como destino Manaus, com escalas previstas em Tabatinga, Coari e Tefé.
Após 30 minutos de voo, a tripulação receberia boletim meteorológico da estação-rádio de Tabatinga, onde informava que devido ao denso nevoeiro, o aeroporto local estaria operando apenas com instrumentos. Com isso, a tripulação decide realizar a aproximação e o pouso através de instrumentos.
Pouco tempo depois, o radiofarol de Tabatinga sairia do ar repentinamente, obrigando a tripulação a realizar pouso através de referências visuais. O mau tempo, porém, impedia a visualização da cidade de Tabatinga enquanto que o combustível se esgotava. Durante uma tentativa de pouso, a tripulação usaria o rio como referência.
Voando baixo para tentar avistar a cabeceira da pista, o avião se chocou com a torre do radiofarol do aeroporto as 6h05min, encoberta pelo nevoeiro. O impacto com o solo causou uma explosão forte que matou todos os 44 ocupantes.
Entre os passageiros mortos estavam Expedito Barroso Alencar, prefeito de Eirunepé e o gerente da antiga CELETRA AMAZON, Raimundo Paulo Araújo da Costa.
São Paulo de Olivença em 2004
Em 14 de maio de 2004, o voo 4815 da Rico Linhas Aéreas caiu nas proximidades de Manaus enquanto se aproximava para o pouso. Todos os 33 ocupantes da aeronave morreram. O voo foi uma rota doméstica regular de passageiros, entre São Paulo de Olivença e Manaus, distantes a 991 quilômetros.
Enquanto se aproximava para pouso, o avião caiu na floresta amazônica. Foi o acidente mais mortal envolvendo esse modelo de avião e a companhia aérea, superando o voo 4823, que caiu no Acre em 2002.
A vinte milhas do pouso no Aeroporto Internacional Eduardo Gomes, enquanto a aeronave seguia o padrão de aterrissagem, o controle de tráfego aéreo orientou que o avião vetorasse para a esquerda, com o intuito de dar espaço a um voo médico prioritário. Naquele horário, o tempo meteorológico era bom. Às 18h34, o voo emitiu seu último contato e desapareceu do radar. O controlador de tráfego tentou restaurar a comunicação com o avião, mas não foi bem sucedido.
Uma equipe de busca e resgate foi montada e mais tarde encontrou restos humanos e fragmentos de avião espalhados perto do aeroporto. Todas as 33 pessoas a bordo foram mortas no acidente. Testemunhas oculares relataram ter visto uma bola de fogo caindo durante o acidente.
Manacapuru em 2009
No ano de 2009, o avião Embraer Bandeirante PT-SEA da empresa Manaus Aerotáxi caiu no Rio Manacapuru. O acidente resultou na morte de todos os 28 ocupantes da aeronave. O avião decolou de Coari. Segundo o Comando da Aeronáutica, o avião desapareceu dos radares do controle aéreo a 20 minutos de chegar a Manaus.
Segundo a Aeronáutica, o piloto entrou em contato com a torre do aeroporto de Manaus e informou que voltaria para Coari por causa da forte chuva. Nesse momento, o Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (Cindacta) perdeu contato com a aeronave.
Quatro pessoas sobreviveram, dentre elas um menino de nove anos. Depois de resgatadas, as vítimas contaram que houve uma pane no motor esquerdo do avião, que fez a aeronave perder altitude rapidamente e cair no rio.
Destino a Maués em 2010
Em 13 de maio de 2010, ocorreu um acidente envolvendo o avião EMB-810C prefixo PT-EUJ, que decolou do Aeroporto de Manaus em direção ao Aeroporto de Maués, a 257 quilômetros da capital, pouco antes das 15h. Minutos depois, o piloto teria feito contato com a torre e informado que estaria voltando para Flores, sem explicar os motivos.
Depois disso, o sinal foi perdido. Segundo informações, a aeronave tentou realizar um pouso forçado no campo do Colégio Pró-Menor Dom Bosco Leste no bairro do Zumbi, mas bateu de bico e com o impacto explodiu. Seis pessoas morreram nesse trágico evento.
O voo havia sido fretado pela Secretaria de Educação do Governo do Amazonas (Seduc). Estavam nele o piloto Miguel Vaspeano Lepeco; Cinthia Régia Gomes do Livramento, titular da Seduc; Karla Patricia Barros de Azevedo, Assessora do Gabinete da Seduc; Eliana Socorro Pacheco Braga, Gerente de Monitoramento da Seduc; Maria Suely Costa Silva, Técnica da Gerência de Atendimento Educacional Específico; e Marivaldo Couteiro Oliveira, fotógrafo da Seduc.
Acidente em Barcelos
Os corpos dos 14 mortos em um acidente de avião, no município de Barcelos, a 400 quilômetros de Manaus, seguem neste domingo, 17/9, para a capital onde serão entregues às famílias.
Um avião saiu de Manaus em direção à Barcelos, ainda nas primeiras horas de hoje com uma equipe do departamento de polícia técnico-científica, representantes do governo do Estado, para recolher os corpos e trazê-los para Manaus.
Apesar de uma lista com as vítimas já circular pela internet, não é sabido de quais Estados são todas as pessoas. Isso só poderá ser possível por meio da identificação dos corpos.
O avião ia em direção ao município de Barcelos, o município é um dos principais destinos da pesca esportiva no Brasil, recebe muitos turistas para essa atividade. Além disso, realiza anualmente o Festival do Peixe Ornamental, bastante conhecido e que atrai muitos curiosos.
Durante a coletiva de imprensa realizada neste sábado, 16/9, o prefeito Edson de Paula Rodrigues Mendes confirmou que chovia bastante no momento do acidente. Então, é possível que a condição e o mal tempo tenham contribuído para o acidente. Há relatos de moradores de que o avião chegou a aterrissar no meio da pista, não se sabe exatamente o porquê de não ter pista suficiente para frear.
Por não ter iluminação, a pista de pousos e voos, em Barcelos, não funciona durante à noite. Por isso, a equipe só saiu na manhã de hoje. O secretário de Segurança Pública, Vinicius Almeida, em coletiva realizada neste sábado, 17/9, afirmou que a pista está homologada pela ANAC.