Redação Rios
SÃO PAULO – A advogada que processou Luísa Sonza por racismo afirmou que chegou a um acordo com a cantora. Conforme a acusação, as partes entraram em um consenso “satisfatório” e que atendeu aos seus pedidos.
O caso, aberto em 2020, foi arquivado no dia 16 de agosto. O valor, porém, não foi revelado, já que o processo correu em segredo de Justiça.
Segundo o comunicado, parte do valor da indenização por danos morais pago por Luísa foi usado por Isabel para arcar com os custos do processo. O magistrado que recebeu a ação havia negado à advogada o direito à gratuidade de Justiça, ainda conforme a nota.
Jéssica descreve que o objetivo do processo foi “demonstrar como que inclinações pessoais, ainda que inconscientes, afetam o julgamento do indivíduo sobre determinados grupos minoritários”, se referindo ao racismo estrutural. A advogada, porém, lamentou a falta de apoio do Judiciário pela sub-representação de grupos minoritários.
A acusação ainda celebrou a retratação pública feita por Luísa, o que, segundo a nota, contribui “para o debate e para a reflexão acerca das diversas formas de racismo na nossa sociedade”.
O Estadão entrou em contato com a assessoria de Luísa Sonza para também confirmar o acordo e o arquivamento, além de comentar sobre o caso, mas não obteve resposta. O espaço segue aberto.
Entenda o processo de racismo contra Luísa Sonza
A advogada Isabel Macedo processou Luísa Sonza por racismo em 2020. O caso, porém, ocorreu em 2018, quando ambas estavam em uma festa em Fernando de Noronha. A notícia veio à tona em 2022, quando uma audiência foi suspensa.
Isabel relatou que Luísa havia batido em seu ombro para pedir um copo d’água a ela. “Era meu aniversário, e eu tinha viajado sozinha. Estava dançando, me divertindo e aproveitando a festa. Por um acaso, parei atrás da Luísa. No evento tinha vários famosos, mas nem sabia quem era ela. Nunca tinha ouvido falar. Foi então que ela virou, bateu no meu ombro e disse: ‘Pega um copo d’água pra mim?’. Eu respondi que não tinha entendido, ela repetiu a frase e completou ‘Você não trabalha aqui?’”, relatou a advogada em entrevista ao site Notícia Preta.
Em seguida, a vítima questionou Luísa por achar que estava trabalhando na festa. A cantora rebateu dizendo que “não era o que ela estava pensando”. “Não é demérito algum ser empregada, eu mesma já fui doméstica, a questão é por que a branquitude sempre nos enxerga nessa posição de serviçal? Por que nos entendem como pessoas que só podem servi-los, mas nunca como pessoas que podem consumir, viver e viajar como eles?”, questionou Isabel.
Após a repercussão, a cantora usou as redes sociais para fazer uma retratação, informando que iria solicitar uma audiência especial para acatar o valor pedido pela autora do processo. “Estou lidando com essa situação como uma oportunidade para tentar ser melhor, como sempre tentei fazer todas as vezes que alguma coisa aconteceu comigo, publicamente ou não”, escreveu.
Luísa também gravou um longo vídeo em que pedia desculpas pela situação e por posicionamentos anteriores sobre o caso. Em 2020, ela negou que o caso fosse verdadeiro, o que, segundo a artista, se deu por conta de uma notícia que dizia que Luísa teria agredido uma pessoa negra.
“A nossa educação é racista, a nossa estrutura é racista, a nossa sociedade funciona de forma racista”, comentou. “A Justiça sempre vai ser favorável a nós [brancos]. […] Para a gente combater isso, a gente precisa ter atitudes individuais que não compactuam com o racismo em que a gente vive, a gente é e a gente é educado a ser. […] Eu fico muito decepcionada comigo mesma de não ter entendido e buscado isso antes.”
Luísa Sonza, artista
* Com informações da Agência Estado