Gabriel Lopes – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – O longa brasileiro Ainda Estou Aqui, de Walter Salles, foi o grande vencedor na categoria de Melhor Filme Internacional do Oscar 2025, neste domingo, 3/3, em Los Angeles (EUA). A conquista inédita para o cinema do país entra para a história e se confirma como um legado na carreira de Fernanda Torres, indicada a Melhor Atriz.
Em todas as partes do país, brasileiros comemoram em clima de Carnaval a vitória do cinema nacional em uma das maiores premiações do segmento no mundo. O Portal RIOS DE NOTÍCIAS conversou com amazonenses especialistas em cinema a fim de compreender quais serão os efeitos da vitória de Ainda Estou Aqui.
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Para Jonas Marcelo, do Inglorious Cine, apesar de Mikey Madison, de Anora, ter ganhado o Oscar de Melhor Atriz, superando Fernanda Torres e Demi Moore, os brasileiros não têm motivos para se entristecer. Isso porque ganhar uma estatueta já é um feito inédito, visto que é a primeira vez que um filme brasileiro sobe ao palco da premiação.
“O Brasil venceu o Oscar, superando o fortíssimo Emília Pérez, que estava em 13 categorias e era o filme a ser batido. Não foi uma campanha fácil, mas superamos. E, com isso, merecemos sim toda a comemoração. É um dia histórico não só para o cinema nacional, mas para todo o Brasil”, afirmou.

O “host” do Inglorious Cine também repudiou ataques misóginos sofridos por Mikey Madison nas redes sociais. “É importante destacar que Anora é um filme feito com o coração, que dá voz a um grupo marginalizado e excluído da sociedade e que, gostando ou não, são pessoas que merecem atenção e total respeito”, comentou Jonas.

O jornalista e cineasta Walter Franco afirma que não é positivo ver Fernanda Torres perder o Oscar, mas concorda que Madison fez um “trabalho excelente” no longa campeão da categoria Melhor Filme. Ele enxerga com “absoluta felicidade” a vitória de Ainda Estou Aqui em uma categoria da premiação.
“Querendo ou não é legal ver um filme daqui tendo esse reconhecimento, porque algo interessante da campanha desse filme foi a sensação de que estava sendo orgânico o crescimento de popularidade dele no Brasil e também no exterior. O prêmio só reforçou isso. Foi uma sensação de copa do mundo”, declarou.

O jornalista destaca a relevância do longa para o cinema nacional e internacional. “Não só pelo fato histórico, mas também pela forma como ele se popularizou no país, e ainda com um tema tão sensível como a ditadura. Temos um cinema muito rico, com grandes artistas que dão tudo de si pra fazer os seus projetos acontecerem”, falou.
‘O futuro é pátrio’
Jonas Marcelo ressalta que cada vez mais produções nacionais alçarão voos maiores. ”Ainda Estou Aqui é um filme que abre portas para continuarmos a buscar projetos que visem essas premiações, porque agora o cinema brasileiro está em destaque. A vitória é só o começo de um futuro muito promissor”, desejou.
Walter Franco deixou claro: mais filmes nacionais podem vir a ser premiados. “O cinema brasileiro é muito rico, muito emocionante e tem uma gama de artistas incríveis. Fora o Oscar, já ganhamos prêmios em diversos festivais internacionais de grande peso, temos clássicos que diversos cineastas famosos do mundo amam, e que dão um valor imenso”, frisou.
Com isso, a expectativa dos especialistas é que Ainda Estou Aqui dará o gás para que mais pessoas queiram se envolver com a arte, facilitando tanto o processo de produção quanto de distribuição, melhorando a forma como os filmes brasileiros chegam para o público no cinema.