Letícia Rolim – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – “Derrubamos o Bolsonaro, mas não os bolsonaristas ainda”, declarou o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no último domingo, 23/7, em um evento de posse da nova diretoria do Sindicato dos Metalúrgicos, no ABC paulista. Na mesma ocasião, ele enfatizou que os “malucos ainda estão por aí”. Essa declaração gerou repercussão e levantou debates sobre a polarização política no país.
A fala de Lula foi analisada por críticos, entre eles o analista político Anderson Fonseca, que apontou uma aparente falta de contextualização por parte do presidente. Segundo Fonseca, Lula aproveitou a visita a Cabo Verde para mencionar os “negacionistas” da vacina e outros assuntos para alfinetar o ex-presidente Jair Bolsonaro, sem relacionar adequadamente esse tema com o contexto em que estava.
“O presidente parou em Cabo Verde, foi recebido pelo chefe de Estado e resolve falar sobre os ‘negacionistas’ da vacina, porque os últimos 4 anos, porque o Bolsonaro… Nada com o contexto do que estava acontecendo”, declarou Anderson.
Críticos questionam como é possível civilizar o país enquanto se utiliza do mesmo discurso de ódio que marcou o ex-presidente Jair Bolsonaro. Observa-se que a polarização “nós e eles” iniciada pelo PT tem refletido até os dias atuais, criando uma atmosfera divisiva.
Anderson ressalta a estratégia contínua de Lula em alfinetar Bolsonaro em diversas ocasiões, mesmo após a eleição. Isso levanta dúvidas sobre a falta de inovação nas propostas apresentadas pelo atual governo.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou recentemente o PAS (Programa de Ação na Segurança), elaborado pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública, buscando solucionar desafios persistentes no Brasil. No entanto, o efeito social do governo anterior ainda é sentido, com o presidente apontando “malucos na rua ofendendo pessoas” como um dos empecilhos para uma realidade mais “civilizada” no país.
“É uma situação conveniente, os primeiros 200 dias de governo Lula é uma volta ao passado de todos os programas que tiveram no primeiro, segundo governo e o de Dilma. E parece que está faltando coisas novas para ser apresentadas, e na falta disso é criada situações em cima de Bolsonaro”, disse Anderson.
‘Pacote da Democracia’
A recente criação do “Pacote da Democracia” é uma das iniciativas do governo Lula para enfrentar desafios à estabilidade institucional. O programa visa punir com penas mais severas os responsáveis por atos considerados antidemocráticos e aqueles que ameaçam a vida do presidente e dos chefes dos Poderes.
Apesar do objetivo de proteger a democracia, especialistas questionam a eficácia dessas medidas e expressam preocupações sobre a possibilidade de inibição das críticas a autoridades no futuro. Para alguns, esse pacote parece nivelar os superiores acima dos cidadãos comuns, gerando debates sobre a igualdade perante a lei.
“Esse pacote da democracia nivela todos os superiores e coloca eles acima das pessoas normais. A lei é igual para todos, então entende-se que precisa haver uma diferenciação com algumas situações”
Israel Stone, advogado
Enquanto a implementação do PAS e do “Pacote da Democracia” gera expectativas, críticos também apontam a necessidade de se olhar para o futuro, em vez de apenas refletir sobre o passado. “Parece que ele [o presidente] está dirigindo só olhando para o retrovisor, mas não olha para frente”, disse Stoni.
“Toda uma plataforma de campanha foi montada para o presidente Bolsonaro ganhar, e ganhou. E aí continua na mesma situação com o presidente Lula, e de novo, em toda oportunidade que se tem, sempre procura dar essa alfinetada”, completou Anderson.
A sociedade brasileira aguarda medidas que possam promover avanços reais e uma convivência mais harmoniosa, buscando superar os desafios históricos e construir um país mais justo e democrático.