Letícia Rolim – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – A Aliança Francesa, uma histórica organização completa 50 anos de atuação na capital amazonense, com o objetivo de disseminar a língua e a cultura da França fora das fronteiras do país europeu. A instituição desempenha um papel fundamental a fim de promover o intercâmbio cultural.
O francês, que tem suas raízes no latim, compartilha semelhanças com o português, mas também apresenta diversas particularidades. Para entender melhor, o professor e diretor executivo da Aliança Francesa em Manaus, Avelino Rodrigues, explicou em entrevista ao Jornal da Rios, da rádio RIOS FM 95,7, como é o processo de ensino e aprendizado do francês.
“Em dois anos é possível se comunicar, se você conhecer bem a gramática da língua portuguesa isso facilita bastante o aprendizado da língua francesa. Mas, o francês é tão difícil quanto a língua portuguesa”
Avelino Rodrigues, professor e diretor da Aliança Francesa
Segundo o professor Avelino, dominar o português é um passo importante para aprender o francês com eficácia. Ele destaca que, com um bom conhecimento da gramática da língua portuguesa, é possível adquirir habilidades de comunicação em francês em dois anos. Entretanto, ele enfatiza que o francês apresenta seus próprios desafios e pode ser tão complexo quanto o português.
Há também uma grande influência da cultura francesa em Manaus, que é visível em muitos pontos da cidade, especialmente no Centro, onde elementos lexicais franceses estão presentes em casas, ruas, praças e mercados. No entanto, grande parte da população local desconhece essas influências históricas que remontam ao século XIX.
A conexão entre Manaus e a França persiste até hoje, com acordos internos entre a Aliança Francesa de Paris e a Aliança Francesa do Brasil, facilitando o intercâmbio de profissionais e alunos entre os dois países.
Arquitetura Francesa
A arquitetura predominante no centro histórico de Manaus é uma mistura fascinante de influências portuguesas e francesas, cada uma com suas características distintas.
A arquitetura portuguesa se destaca por seus ladrilhos e azulejos decorativos, que adornam muitos dos edifícios históricos. Esses azulejos frequentemente apresentam padrões geométricos e cenas históricas, conferindo um aspecto artístico e tradicional aos edifícios.
“A arquitetura portuguesa vem com seus ladrilhos e azulejos maravilhosos. A francesa em Manaus tenta copiar aqueles prédios da Paris, que são casas altas e no alto um quarto que era pra empregados, nós temos essa arquitetura nessas casas”, cita o professor.
Além disso, pontos emblemáticos como o Mercado Adolpho Lisboa, a Praça Dom Pedro II e os quiosques no Teatro Amazonas também exibem influências claras da arquitetura francesa, com seus elementos estilísticos e ornamentação.
“Além de vários prédios na cidade, como no início da rua Lobo D’almada, com a 7 de setembro, lá temos um prédio que era de um francês que está escrito ‘Le Bon Marché’. Nós temos também uma casa na Ferreira Pena, com arquitetura francesa”, disse Avelino.
Mercado de trabalho
Saber o idioma francês oferece diversas vantagens, especialmente no contexto do Amazonas. Ao passo que ocorre a expansão do mercado de trabalho na capital, o conhecimento do francês pode abrir portas no mercado de trabalho local, especialmente em setores como o turismo e empresas francesas presentes no polo industrial da região. Essa habilidade linguística pode tornar os profissionais mais atraentes para oportunidades de emprego e colaborações comerciais.
Da mesma forma, o turismo faz com que aprender francês seja essencial, pois Manaus é uma cidade turística, e o francês é uma língua amplamente falada em todo o mundo. Saber francês pode ser uma vantagem significativa para profissionais que trabalham no setor do turismo, permitindo um atendimento melhor a turistas franceses e ampliar seus horizontes profissionais.
Além do mercado local, o conhecimento do francês pode abrir portas para oportunidades de emprego em outros países, como o Canadá. Profissionais da área da saúde, por exemplo, podem encontrar oportunidades em nações francófonas, que existe em 52 países, onde o francês é uma língua oficial ou predominante, e oferecer seus serviços em um contexto internacional.
“Nós temos o campo do turismo, e aqui nós temos empresas francesas que trabalham aqui no polo industrial. E mesmo se não tivesse emprego na região, hoje aprender francês é interessante para quem também é da área da saúde em outros países, como o Canadá que demanda profissionais dessa área”, destaca o professor.