Gabriela Brasil – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – O desmatamento na Amazônia, dentro do território amazonense, apresentou queda de janeiro a abril de 2023 em comparação com o mesmo período do ano passado. Apesar do índice positivo, o Amazonas continua entre os estados da Amazônia Legal que mais desmatam o bioma.
De acordo com o Sistema de Detecção do Desmatamento em Tempo Real (Deter), da plataforma TerraBrasilis, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o registro de desmatamento no Amazonas apresentou uma redução de 50%. Ao longo dos primeiros quatro meses do ano, foram devastados 265 quilômetros quadrados da Amazônia, enquanto em 2022 foram desmatados 537,45 quilômetros quadrados.
Em relação à perda do bioma, de janeiro a abril de 2023, nos dez estados da Amazônia Legal, o Deter apontou um montante de 1.132,45 quilômetros quadrados devastados, uma diminuição de 41% de desmatamento em comparação com o número registrado no mesmo período, em 2022, com 1.967,69 quilômetros quadrados.
Para o o doutor em biologia e pesquisador da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Lucas Ferrante, o volume alarmante de desmatamento na Amazônia faz parte de um “legado das políticas de desmonte do governo Bolsonaro”.
“O governo Bolsonaro facilitou a atuação de desmatadores, por meio de um sucateamento das agências de fiscalização. Ao mesmo tempo, várias leis a partir de decretos presidenciais favoreceram, inclusive, organizações criminosas ligadas ao desmatamento da Amazônia”
Lucas Ferrante, biólogo e pesquisador
Ao mesmo tempo, o pesquisador também pontuou que o governo Lula apresenta uma “inadimplência de ações”, com a falta de medidas mais efetivas para coibir os crimes ambientais na Amazônia.
“Não adianta só esse fortalecimento das agências ambientais, mas é necessário atacar os problemas e vetores desse desmatamento que são os grandes empreendimentos na Amazônia”, destacou Ferrante.
Altos índices
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Mesmo com a redução do desmatamento na Amazônia no território amazonense, o Estado foi o segundo que mais derrubou floresta. Logo atrás, aparece o Pará com 238 quilômetros quadrados. Já o Estado que mais destruiu áreas da Amazônia, de janeiro a abril de 2023, foi o Mato Grosso com 384 quilômetros quadrados.
Lucas Ferrante chama atenção para os impactos ocasionados pela BR-319 que, segundo o pesquisador, favoreceu a abertura de ramais ilegais pela incapacidade de contingente para fiscalização da área. Ele também destacou que é preciso repensar o modelo de desenvolvimento econômico na Amazônia, pois as consequências do desmatamento na região são catastróficas para o planeta inteiro.
“Nós já estamos registrando, por exemplo, catástrofes climáticas em diversas partes do Brasil e do mundo, o que passa pelas consequências do desmatamento da Amazônia pelas altas emissões de carbono por conta do desmatamento”
Lucas Ferrante, biólogo e pesquisador