Júnior Almeida – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, chega a Manaus neste domingo, 17/11, para uma visita histórica à Amazônia, que está programada para durar quatro horas. Ele se tornará o primeiro presidente americano em exercício a visitar a região, embora já tenha ocorrido uma expedição marcante em 1913, quando o ex-presidente Theodore Roosevelt, após dois mandatos, embarcou em uma aventura de 136 dias pela Amazônia, para explorar um rio desconhecido da região.
A expedição de Roosevelt foi organizada por Lauro Müller, então ministro das Relações Exteriores do governo de Hermes da Fonseca. O ex-presidente americano, ao aceitar o convite para desbravar a Floresta Amazônica, declarou que aquela seria sua “última chance de se sentir um garoto de novo”.
Ele estava acompanhado de uma comitiva de 22 homens, incluindo seu filho Kermit, de 25 anos, dois cientistas do Museu de História Natural (George K. Cherrie e Leo E. Miller), e o padre John A. Zahma.
O principal objetivo da expedição era estudar a fauna e a flora da região, especialmente o mapeamento de um rio desconhecido, que mais tarde foi batizado de Rio Roosevelt, com 760 quilômetros de extensão. O nome original do rio, “Rio da Dúvida“, foi devido dúvida sobre a existência de um curso d’água conectando as nascentes do afluente Madeira, do Rio Amazonas, à Bacia do Prata.
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A jornada foi marcada por sérios desafios, como redemoinhos que afundaram canoas, escassez de alimentos, ataques de indígenas e doenças como malária, que debilitou Roosevelt a ponto de ele chegar a Manaus 30 quilos mais magro. Ao todo, três membros da expedição morreram, incluindo o remador identificado como Antônio Simplício.
O rio explorado pela comitiva havia sido descoberto em 1909 pelo próprio coronel Cândido Rondon, que acompanhou o ex-presidente americano. O afluente percorre 679 quilômetros, atravessando os estados de Rondônia, Mato Grosso e Amazonas, e é um afluente do Rio Aripuanã.
Durante a expedição, o cardápio da comitiva era extremamente limitado, muitas vezes consistindo em apenas dois pratos: carne de macaco ou sopa de tartaruga, conforme relata o historiador João Klug, doutor em História Social pela USP e professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
Além das dificuldades práticas, Roosevelt tinha uma visão crítica dos povos da Amazônia e da floresta em si. Segundo o historiador Klug, para Roosevelt, os caboclos ribeirinhos, apesar de seus esforços e habilidades, não se comparavam aos lenhadores do Hemisfério Norte.
“Ele via a floresta tropical como uma barbárie que necessitava de um ‘choque civilizacional’“, e considerava a fauna brasileira inferior, como se fosse algo a ser subjugado. Ele descreveu os jacarés como ‘animais horrendos‘, que deveriam ser abatidos a todo custo. Roosevelt detestava os mosquitos, chegando a classificar a floresta como uma ‘natureza infernal‘.