Lauris Rocha – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – A tentativa de assassinato contra o ex-presidente norte-americano Donald Trump, ocorrida nesse sábado, 13/7, na Pensilvânia (EUA), repercutiu no mundo. Mas esse não foi o primeiro caso de atentado contra presidentes dos EUA.
No total, quatro presidentes foram assassinados e oito, incluindo Donald Trump, sofreram tentativas de homicídio.
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A partir dessa informação, o Portal RIOS DE NOTÍCIAS conversou com o historiador Ygor Olinto e o filósofo Max Rodrigues para entender o contexto histórico e filosófico que envolvem os assassinatos dos presidentes americanos, além das tentativas de execução de políticos nos EUA.
“Passa pela questão armamentista e por uma sociedade que tem como um dos seus pilares a proteção a liberdade individual. Então, um rompante de um indivíduo que queira resolver a solução de uma nação via atentado não é estranho, isso faz parte dos próprios mitos de origem dos Estados Unidos. É uma sociedade que no final do século 18 vai em busca de armas para lutar pela sua independência, pela sua emancipação frente ao poder colonial. Os norte-americanos estão muito mais habituados a uma ideia de guerra civil, do que nós brasileiros”, explica o historiador Olinto.
“A história da sociedade americana são ‘várias histórias’ e estados fragmentados, inclusive com uma guerra civil marcada pelo acesso às armas, processo de escravização, extermínio e ocupação do território indígena na origem dos EUA. Então, o contato com armas do povo americano, é cultural”, pontua o filósofo Rodrigues.
Presidentes assassinados
Ao longo da história americana foram quatro presidentes assassinados: Abraham Lincoln (1865), James Garfield (1881), William McKinley (1901) e John Kennedy (1963). E os motivos são vários, desde dívida política, vingança e até conspiração planejada.
Em 14 de abril de 1865, Abraham Lincoln, o 16.º Presidente dos EUA, foi baleado na cabeça enquanto assistia uma peça no Teatro Ford em Washington, D.C, pelo ator teatral John Wilkes Booth, sendo o primeiro presidente estadunidense executado no país. Seu funeral e enterro marcaram um longo período de luto nacional.
O assassinato de Lincoln ocorreu perto do final da Guerra Civil Americana e foi parte de uma conspiração planejada por Booth para reviver a causa confederada, eliminando os três oficiais mais importantes do governo dos Estados Unidos.
James Garfield, o 20º presidente dos Estados Unidos, foi baleado na Estação Ferroviária de Baltimore e Potomac, em Washington, D.C. no dia 2 de julho de 1881. Ele morreu em Elberon, Nova Jersey, 79 dias depois, em 19 de setembro de 1881.
O tiroteio ocorreu menos de quatro meses em seu mandato como presidente. O assassino foi Charles J. Guiteau, cujo motivo era vingança contra Garfield por uma dívida política, e conseguir que Chester A. Arthur fosse elevado a presidente. Guiteau foi condenado pelo assassinato de Garfield e executado por enforcamento um ano após o tiroteio.
Já o assassinato de William McKinley, o 25º presidente dos EUA, ocorreu em 6 de setembro de 1901 quando foi ferido dentro do Temple of Music na Exposição Panamericana em Buffalo, Nova Iorque.
Ele cumprimentava o público quando foi baleado pelo anarquista Leon Czolgosz, morrendo em 14 de setembro. McKinley foi o último presidente a ter lutado na Guerra de Secessão.
Um dos assassinatos que mais repercutiu foi o do presidente John Kennedy, em 22 de novembro de 1963, morto em Dallas. Lee Harvey Oswald, um marxista e ex-fuzileiro, foi preso como sendo o provável atirador que baleou o presidente, mas antes que ele pudesse ser levado a julgamento, ele foi assassinado por Jack Ruby, dois dias depois.
O FBI e a Comissão Warren concluíram que Oswald agiu sozinho no seu complô para matar JFK, mas muitas pessoas contestam isso e acreditam que Kennedy foi vítima de uma conspiração.
Atentados
Os ex-presidentes dos EUA e políticos que sobreviveram a tentativa de assassinato são: presidente Andrew Jackson (na era pré-Guerra Civil), o ex-presidente Theodore Roosevelt durante campanha em 1912, Franklin D. Roosevelt em 1933, Harry Truman (1950), Gerald Ford em 1975, Ronald Reagan (1981), Barack Obama em 2011 e neste sábado Donald Trump.
Sociedade armada e explosiva
Segundo o historiador Ygor Olinto, as tentativas de assassinatos a políticos americanos reflete uma sociedade mais explosiva – extremos que voltaram com força – com seus conflitos sociais, os antagonismos de classe, de raça, de gênero, contrates de ordem cultural que têm apontado para uma série de crises não só nos EUA.
“É importante sinalizar isso, que estamos vivendo um período explosivo mesmo cada vez mais ligado a um fundamentalismo que não se envergonha de misturar religião e política”, pondera o historiador.
“A legalidade do acesso às armas depende de cada estado americano, mas de um modo geral qualquer cidadão pode ter acesso, de acordo com as regras estabelecidas, os impostos e certificação de acesso às armas. A cabeça de quem tem uma arma de fogo tem que ter preparo psicológico para ter e utilizar um armamento”, reflete o filósofo Max Rodrigues.