Redação Rios
MANAUS (AM) – Um documento obtido pelo portal RIOS DE NOTÍCIAS aponta que Ricardo de Almeida Campelo – assessor do desembargador do Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM), Elci Simões de Oliveira, – está preso por ‘associação criminosa’ a um furto de R$ 50 mil. O valor pertencia ao filho do magistrado, Elci Simões de Oliveira Júnior, conforme consta em investigações realizadas pela Polícia Civil.
A conclusão das investigações para o pedido de prisão de Ricardo é de que ele teria furtado o valor e usado para quitar dívidas que somavam pouco mais de R$ 38 mil. Os fatos aconteceram entre novembro e dezembro do ano passado e a prisão aconteceu na mesma semana em que o desembargador foi afastado de suas funções.
O Corregedor-Geral do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Mauro Campbell, decidiu no fim da tarde de sexta-feira, 21/2, pelo afastamento do desembargador Elci Simões e do juiz titular da Vara Única da Comarca de Presidente Figueiredo (AM), Jean Carlos Pimentel dos Santos, por conta do processo envolvendo um prejuízo temporário de cerca de R$ 150 milhões aos cofres da Eletrobras.
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Entenda a ocorrência do furto
As investigações mostram que Elci Simões Júnior – filho do desembargador – pediu, em novembro de 2024, ao seu ‘amigo’ Ricardo de Almeida para guardar o valor de R$ 50 mil. Um Boletim de Ocorrência registrado no dia 1º de dezembro de 2024 informa o arrombamento do imóvel onde Ricardo morava com os pais no conjunto Tiradentes, bairro Aleixo, zona Centro-Sul, e o furto da quantia em dinheiro, além de joias, perfumes e notebook.
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No entanto, as investigações apontam para uma possível simulação de furto já que, segundo o relatório de investigação obtido pelo riosdenoticias.com.br, “as portas de entrada da residência onde o valor estava guardado não foram violadas”.
O documento também diz que o suspeito apresentou cadeados cortados que eram usados apenas na área externa da casa, mas não havia sinal de arrombamento em outros cômodos. Diante da suspeita, a partir da quebra de sigilo telefônico e do aprofundamento no caso, a polícia descobriu que Ricardo usou parte do valor para quitar dívidas. As investigações foram conduzidas pelo delegado titular do 1º Distrito Integrado de Polícia, Cícero Túlio.
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Depoimento de Elci Júnior
Em depoimento à Polícia Civil, Elci Simões Júnior informou que é amigo de Ricardo e que o pediu para ele guardar os R$ 50 mil no dia 10/11 do ano passado por motivo de que iria realizar uma viagem e que em sua residência havia risco de furto por conta da presença de uma ‘secretária doméstica’.
Depoimento de Ricardo
Ricardo, por sua vez, Informou que no imóvel onde residia com os seus pais, teria ocorrido um arrombamento por volta de 11h15 do dia 1º/12/2024 e não havia ninguém na casa. O acesso à residência se deu pelos fundos da casa.
Segundo Ricardo, no BO, ele achou estranho o fato de ter ocorrido quando não havia ninguém na casa e apontou que no telefone do genitor [pai] havia ligações que tratavam de pedidos de valores, “o que lhe causou estranheza”, relata no depoimento.
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Desdobramentos
O documento obtido pelo RIOS DE NOTÍCIAS não trata sobre a origem do dinheiro, tampouco o destino que teria se não houvesse acontecido o furto.
“Sou assessor do gabinete do desembargador (Elci Simões), trabalho com o filho dele (Elci Júnior). De hoje em diante, temo pela minha vida. Não estou querendo dizer, mas se acontecer alguma coisa da minha vida, que eu seja morto ou alguma coisa, de coração, a grande responsabilidade é deles porque eu nunca fiz mal à ninguém. Estou sendo perseguido por uma coisa que não fiz”, diz Ricardo em vídeo que circula em aplicativos de mensagem.
O RIOS DE NOTÍCIAS procurou as assessorias do TJAM para buscar o posicionamento de Elci Simões e da Polícia Civil para saber mais detalhes do caso, bem como a defesa de Ricardo de Almeida, e aguarda manifestação dos envolvidos.
Afastamento do desembargador
O afastamento do desembargador Elci Simões foi confirmado pelo TJAM ainda no início da noite desta sexta, 21/2. “Trata-se de uma decisão da Corregedoria Nacional de Justiça e o Tribunal de Justiça do Amazonas dará o devido cumprimento”, afirma trecho da nota enviada a esta redação.
Com a decisão do corregedor nacional de Justiça, ministro Campbell Marques, pelo afastamento do juiz Jean Carlos Pimentel e do desembargador Elci Simões, ambos estão impossibilitados de acessar seus gabinetes e os equipamentos deverão passar por perícia.
Na ação, a Eletrobrás (Centrais Elétricas Brasileiras S.A) aponta possíveis infrações disciplinares dos magistrados, como a transferência de valores, mediante autorização de expedição de alvarás para levantamento de quase R$ 150 milhões da companhia.
Para o ministro Campbell Marques, houve falta de cautela do magistrado, especialmente, quanto à análise sobre a validade dos títulos, seu teor e sobre a legitimidade dos seus beneficiários.
“A atuação dos reclamados representa graves danos à imagem do Poder Judiciário amazonense, notadamente em razão dos atos que parecem indicar quebra da isonomia e da imparcialidade que se espera dos julgadores, mostrando-se estritamente necessário o afastamento cautelar dos magistrados de suas funções”, diz decisão.
Os magistrados têm prazo de cinco dias para se manifestarem. A reclamação disciplinar tramita em sigilo.
Veja o documento na íntegra:
*Com informações da assessoria do CNJ