Lauris Rocha – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), formada por jornalistas brasileiros interessados em trocar experiências, informações e dicas sobre reportagem, especialmente em investigações, acionou nesta quinta-feira, 24 de outubro, a Coalizão em Defesa do Jornalismo para emitir uma nota em conjunto com outras entidades em apoio à jornalista amazonense Any Margareth.
Na mesma data, a diretora do Radar Amazônico teve a conta do portal e sua conta pessoal no Instagram banidas por decisão do juiz Roberto Santos Taketomi, da 32ª zona eleitoral. Essa decisão foi tomada em resposta a uma ação judicial movida pelo prefeito de Manaus e candidato à reeleição, David Almeida (Avante).
“Acionei a Coalizão em Defesa do Jornalismo, uma organização composta por 11 entidades, entre elas a Abraji, a Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) e a RSF (Repórteres Sem Fronteiras), e estamos articulando uma nota pública conjunta”, informou Kátia Brembatti, presidente da Abraji, ao portal RIOS DE NOTÍCIAS.
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Durante a campanha eleitoral de 2024, a Coalizão em Defesa do Jornalismo (CDJor) monitora ataques ao trabalho da imprensa na cobertura das eleições. A violência digital está sendo acompanhada em nove grandes cidades, além dos esforços das organizações para monitorar episódios offline em todo o país.
Essa iniciativa visa dar visibilidade ao crescente fenômeno de silenciamento que afeta muitos jornalistas e veículos em um momento crítico para a democracia.
Censura judicial
Após a censura judicial, Any Margareth fez um desabafo ao público, mencionando as providências que tomaria junto ao Conselho Nacional de Justiça em Brasília para reverter a decisão que suspendeu o portal Radar Amazônico e suas contas no Instagram.
Em seu pronunciamento na quinta-feira, ela também citou o vereador Zé Ricardo (PT), conhecido por sua defesa dos direitos humanos.
“Vou fazer uma brincadeira: ‘Ei, Zé, me empresta a tua Kombi’. Estou me referindo ao meu querido Zé Ricardo. Se precisar, a Anny vai subir com um megafone numa Kombi. Mas também vou procurar quem me escute, porque eu, de forma alguma, atentei contra a moral”, declarou a jornalista.
O portal RIOS DE NOTÍCIAS conversou com o vereador Zé Ricardo, eleito em Manaus com 17.395 votos nas eleições de 2024.
“Não faz sentido o que está acontecendo com Any Margareth. Se ela está defendendo uma candidatura ou criticando outra, todos os outros estão fazendo o mesmo. Então, por que ela é censurada? Por que precisa sair do ar? E, segundo a legislação eleitoral, você pode questionar uma matéria ou uma fake news, mas não se pode fechar um meio de comunicação“, enfatizou o político.
Zé Ricardo, que foi deputado federal pelo Partido dos Trabalhadores do Amazonas, atuou na Câmara dos Deputados de fevereiro de 2019 a janeiro de 2023.
De acordo com o vereador, se for para fechar um meio de comunicação, isso deveria se aplicar a todos os veículos, como rádios e TVs, o que seria inconstitucional.
“Se alguém se sente ofendido, pode ir à Justiça para solicitar a remoção, mas não se pode fechar um meio de comunicação. Não vi ninguém pedir para fechar uma TV ou uma rádio. Portanto, não concordo com isso. Minha solidariedade à companheira. Minha Kombi está um pouco quebrada, até na oficina, mas se estivesse em condições, estaria à disposição para que ela pudesse continuar fazendo jornalismo”, concluiu Zé Ricardo.