Gabriela Brasil – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – Os casos de cânceres em níveis avançados aumentaram 62% no Amazonas em quase uma década, de 2013 a 2022. O grave cenário é consequência do diagnóstico tardio da doença, algo que se intensificou durante a pandemia da Covid-19.
O levantamento realizado pelo portal RIOS DE NOTÍCIAS no painel Datasus, do Ministério da Saúde, aponta que em 2013, foram registrados cerca de 247 casos de cânceres no estágio 4, nível mais avançado da doença, no Amazonas.
Nove anos depois, em 2022, os casos saltaram para 400, um número recorde, que ultrapassou os casos registrados em 2016, com 298.
Conforme o oncologista Alfredo Coimbra Reichl, quanto mais o tempo se estende mais o câncer se desenvolve e, por consequência, as chances dele se tornar incurável também aumentam, seja porque a doença cresceu muito ou por ter se espalhado para outras áreas do corpo.
“Quando mais se tarda para realizar um diagnóstico, maior a chance de um câncer estar em um estágio mais avançado, até mesmo incurável”, destaca o oncologista Alfredo Coimbra Reichl.
Diagnóstico tardio
A detecção tardia do câncer cresceu em todo o Brasil. Conforme os dados do Radar do Câncer, do instituto Oncoguia, houve uma diminuição de 37,4% do número de biópsias, exame que identifica o câncer, realizadas entre março a dezembro 2020 em relação ao mesmo período de 2019.
Essa queda pode ser explicada com o surgimento da pandemia da Covid-19 em 2020. De acordo com Alfredo Coimbra, muitos serviços de saúde, principalmente no Sistema Único de Saúde (SUS), ficaram sobrecarregados.
Profissionais da saúde e recursos foram direcionados em sua maioria ao combate à pandemia, o que resultou em muitos pacientes sem serviços básicos de saúde como exames e consultas médicas de rotina.
“Muitos pacientes adiaram, ou simplesmente esqueceram de voltar a realizar os exames de rotina, que podem diagnosticar o câncer em estágios iniciais, como a mamografia, ou até mesmo prevenir o câncer, como o exame ginecológico, por exemplo”, explica Alfredo Coimbra Reichl.
De acordo com o Radar do Câncer, houve uma queda de 25,9% no número de mamografias destinadas ao diagnóstico no sistema público, 35,8% de colonoscopias e 29% do exame de PSA.
Já os tipos de câncer com maior número de registros em estágio avançado são: pênis (88,52%), pulmões (88,26%), e fígado (88,11%). Já os detectados de forma mais precoce são: neoplasias malignas de pele (29,82%), olho (30,83%) e bexiga (37,52%).
Em relação ao perfil dos pacientes, cerca de 67,2% dos homens iniciam o tratamento no estágio avançado do câncer, enquanto que 59, 4% das mulheres também realizam o tratamento no estágio mais crítico da doença.