Júnior Almeida – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – Nas últimas semanas, Manaus tem sido palco de nuvens de fumaça, que chamam a atenção, inclusive, de artistas, que cobram providências das autoridades. Dados apontam que além do Estado vizinho, municípios da Região Metropolitana são responsáveis pelos focos de queimada que afligem a capital amazonense.
Diante disso, o site de jornalismo investigativo The Intercept Brasil denunciou, nesta segunda-feira, 6/11, que um dos responsáveis pelas queimadas no Amazonas é Elmar Cavalcante Tupinambá, avô do influenciador digital Agenor Tupinambá, que ficou conhecido em todo o país após receber multas do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) por manter em sua propriedade uma capivara, a Filó.
De acordo com dados obtidos com exclusividade pelo site, baseados em relatórios do Ibama e do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (IPAAM), foram ao menos duas décadas de devastação por parte do agricultor Emar Cavalcante.
Conforme a publicação, Elmar Cavalcante foi multado em fevereiro de 2022 pelo IPAAM por destruir mais de 240 hectares de floresta nativa às margens do Rio Paraná Madeirinha e do Lago Imbaúba, em Autazes, situado a 111 quilômetros de Manaus.
O município de Autazes detém uma das maiores jazidas de potássio do mundo, de acordo com a Potássio do Brasil, o local dispõe de reserva mineral de mais de 170 milhões de toneladas de cloreto de potássio. A produção tem potencial de expansão para 50% do consumo brasileiro até 2030 e também abriga os povos indígenas da etinia Mura.
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Ainda conforme a publicação do The Intercept, o valor das multas em nome do avô do influencer Agenor Tupinambá ultrapassa o valor de R$ 1,2 milhão.
“Ele sozinho, foi responsável por 42% do desmatamento registrado no município nas duas últimas décadas“, diz a matéria, que afirma que os dados podem ser conferidos nas páginas do IPAAM e Ibama.
Outros nomes
Na lista, consta também, além do nome do pecuarista Tupinambá, Rosalina de França Martins, João de Deus Albuquerque Lima, Vagner Ferreira da Fonseca, Efrani Assunção de Souza, Diblaim de Souza Ramos, Osimar Cavalcante da Silva, Raimundo Nonato França Passos, Júnior Gonçalves Pinheiro, Alessandro Torres de Figueiredo, Muni Lourenço Silva Júnior e Willace Cavalcante Guedes Filho.
Somadas, as multas totalizam mais de R$ 100 mil, por desmatamento ilegal em Autazes nos últimos 10 anos.
Queimadas em Autazes
Autazes concentrou mais da metade dos focos de incêndio do Estado em outubro. De acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, dos 506 focos de incêndio registrados em outubro no Amazonas, 258 foram no município.
Segundo o superintendente do Ibama no Amazonas, Joel Araújo, os dados indicam que as queimadas são advindas de áreas de pecuária. “Isso é indício de que as queimadas ocorreram em áreas de pecuária, pois o uso do fogo para renovação do pasto é uma prática comum”, explica.
O relatório do Ibama revela que o município perdeu ao menos 580 hectares de floresta desde 2005. São quase 540 campos de futebol. A vegetação deu espaço ao pasto que hoje alimenta um rebanho de 96 mil bois e búfalos.
*Com informações do The Intercept