Gabriela Brasil – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – O Governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) completou, nesta segunda-feira, 10/4, 100 dias de mandato. Ao longo dos quase quatro meses de gestão, a questão econômica foi o que mais gerou conflitos entre os todos os setores governamentais da base política e o Governo Federal. O portal Rios de Notícias separou as quatro principais medidas e articulações econômicas da atual gestão.
Bolsa Família
Conforme o economista Altamir Cordeiro, o início do terceiro mandato de Lula foi marcado pela inserção das pautas mais sociais, característica marcante do governo petista. No entanto, avalia que o andamento das políticas econômicas “deixou a desejar”.
Antes do início dos trabalhos do novo governo, a prioridade da equipe econômica de Lula era a aprovação da PEC da Transição. De acordo com o economista, para isso, o governo articulou com a Câmara Federal e o Senado para autorizar a liberação do aumento de despesas para os gastos e investimentos sociais. Com o aumento do déficit orçamentário, segundo Altamir Cordeiros, grupos do mercado financeiro ficaram preocupados.
“Isso garantiu os programas sociais anunciados durante campanha eleitoral, como o pagamento do novo valor do Bolsa Família de R$ 600 e um complemento de R$ 150, bem como aumento no número de ministérios. Elevando o déficit Orçamentário para aproximadamente R$ 200 bilhões”
Altamir Cordeiro, economista
Banco Central e arcabouço fiscal

Lula demonstrou publicamente insatisfação com a taxa de juros praticadas pelo Banco Central. O presidente alegou que a taxa de juros nas alturas prejudica a capacidade do governo de esquentar a economia.
“O Banco Central tem autonomia para manter o controle da inflação por meio da política monetária. O embate foi mais forte depois das críticas do atual presidente da República do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, ao presidente do Banco Central”, afirmou o economista.
Por outro lado, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, defendeu a taxa de juros mantida a 13,75% e comunicada pelo Comitê do Banco Central (Copom) no dia 22 de março. A justificativa para manter a Selic no mesmo patamar de 2016 seria o cenário externo e interno ruim e a pressão inflacionária.
“Coube ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, acalmar o mercado, anunciando um novo arcabouço fiscal para controlar os gastos do governo e assim poder acenar com a possibilidade de queda nas taxas de juros. O problema é que o Banco Central trabalha com cenários mais longos e para que os juros possam ser reduzidos, é preciso um ambiente externo e interno mais favorável, e isso, somente no médio ou longo prazo”
Altamir Cordeiro, economista
Impostos
Ainda que o governo tenha anunciado o novo modelo de controle de gastos, o economista Altamir Cordeiro ressaltou que a nova gestão ainda precisa ter garantias de aprovação de medidas no Congresso Nacional.
Isso porque, o governo Lula ainda não garantiu uma base sólida nas Casas Legislativas. Para assegurar apoio, o governo deve mandar um pacote econômico para a Câmara Federal e Senado para aumentar as receitas.
Com o fim da desoneração das alíquotas sobre os combustíveis, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou no dia 28 de fevereiro a reoneração de R$ 0,47 por litro de gasolina, e R$ 0,02 por litro de etanol. Essa medida, segundo Altamir, expandiria a receita do governo.
“Diante desse cenário, o governo deve mandar um pacote econômica às Casas Legislativas, visando aumentar as receitas. Ou seja, aumentar os impostos sem apresentar medidas de contenção de despesas. Vamos aguardar como os parlamentares vão reagir e como o mercado também vai se comportar, diante dos impasses ainda não sanados”, reiterou.