Redação Rios
MANAUS (AM) – Em depoimento à Polícia Federal no dia 5 abril, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) confirmou que conversou pessoalmente com o ex-chefe da Receita Federal sobre as joias avaliadas em R$ 16,5 milhões, enviadas pela Arábia Saudita e retidas com a comitiva presidencial em aeroporto de São Paulo, em outubro de 2021. A informação foi noticiada pela TV Globo que teve acesso exclusivo ao depoimento.
De acordo com a notícia, Bolsonaro entrou em contradição sobre a tentativa de resgatar as joias, no fim de seu mandato. Primeiro diz que a intenção era para não deixar pendências para o próximo governo e evitar um vexame diplomático.
Depois, ao ser questionado o motivo pelo qual Mauro Cid, Julio Cesar e José de Assis se empenharem tanto para tentar retirar as joias pela Alfândega no dia 29/12/2022, Bolsonaro afirmou que não tinha ideia de tal empenho.
O ex-presidente também informou que foi avisado sobre a existência das joias sauditas entre o final de novembro e o começo de dezembro de 2022, mas não se lembrava quem o avisou e é possível que tenha sido alguém ligado ao Ministério de Minas e Energia.
As joias foram recebidas pela comitiva do então ministro Bento Albuquerque. À época em que Bolsonaro alega ter tomado conhecimento dos itens, Albuquerque já não integrava mais o governo. Bolsonaro afirmou nunca ter falado com o ex-ministro sobre o assunto.
Leia também: Moraes determina prazo para PF marcar depoimento de Bolsonaro sobre atos golpistas
Também em depoimento à PF, Jairo Moreira da Silva, primeiro-sargento da Marinha que atuava em uma equipe subordinada ao coronel Mauro Cid, afirmou ter sido “informado pelo coordenador da Ajudância de Ordens, o tenente-coronel Cleiton, que precisaria ir até o aeroporto de Guarulhos buscar alguns presentes que estavam retidos na Alfândega”.
O ex-ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, depôs à PF e afirmou que recebeu as joias no hotel, em um jantar depois de um evento, onde encontrou o príncipe saudita, Abdulaziz Bin Salman, que disse que enviaria presentes para lá.
Porém, em 26 de outubro de 2021, quando retornava da viagem e foi ao setor da alfândega do aeroporto em Guarulhos, o então ministro afirmou a auditores da Receita ter recebido as joias no aeroporto, quando já estava de saída.
O inquérito foi aberto em março e é conduzido pelo delegado Adalto Ismael Rodrigues Machado, da delegacia de Repressão a Crimes Fazendários da Polícia Federal de São Paulo.
Entenda o caso
Matéria publicada pelo Jornal O Estado de S. Paulo revelou que Jair Bolsonaro tentou trazer ao Brasil, de forma irregular, em outubro de 2021, joias avaliadas em R$ 16,5 milhões, que eram presentes do governo da Arábia Saudita à Michelle Bolsonaro, então primeira-dama.
Os itens foram encontrados na mala de um assessor e não foram declarados à Receita como item pessoal, o que obrigaria o pagamento de imposto. Como não foi pago, foram apreendidos.
Além da ex-primeira-dama, o caso envolve Bolsonaro, ministros e funcionários de seu ex-governo.