Letícia Rolim – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – O Superintendente da Zona Franca de Manaus, Bosco Saraiva, concedeu entrevista exclusiva à rádio RIOS FM 95,7, nesta sexta-feira, 4/8, destacando o sucesso de desenvolvimento do modelo para o Amazonas e para a Amazônia.
A Zona Franca de Manaus não é apenas uma área industrial, mas também representa um sistema econômico complexo, com prestadores de serviços que giram em torno das 480 fábricas instaladas na cidade. Esse sistema abrange uma vasta cadeia de produção, distribuição e consumo, impulsionando a economia da região e proporcionando empregos para milhares de pessoas.
Durante a entrevista, Saraiva também destaca o impacto positivo da Zona Franca na vida das pessoas locais. “Aqui nossos filhos, nossos netos, nosso povo estuda e se prepara para ser um trabalhador da fábrica, para produzir. Eu mesmo fui um desses em 1980, quando fui fazer meu estágio em eletrônica na antiga Semp Toshiba”, compartilha, mostrando o papel crucial da Zona Franca de Manaus na formação de profissionais qualificados para a indústria local.
Há 56 anos, o governo brasileiro criou a zona franca na região amazônica com o propósito de atrair fábricas para uma área pouco povoada no país e, ao mesmo tempo, promover uma maior integração territorial na região Norte.
Ao longo dessas cinco décadas e seis anos, a Zona Franca alcançou êxito no desenvolvimento do Estado, na preservação da floresta e na criação de uma cultura industrial em Manaus. O superintendente ressalta que a cidade está preparada para a produção industrial e destaca o valor imensurável da ZFM, afirmando que poucas cidades no mundo têm essa característica única.
“Nesses 56 anos nós conseguimos desenvolver o nosso Estado, preservar a floresta e, acima de tudo, desenvolver toda a região Amazônica. Especialmente, criamos a cultura da indústria na cidade de Manaus. Nós somos uma cidade extremamente preparada para a produção industrial, para a indústria de transformação”, afirma o superintendente.
De acordo com Saraiva, a Zona Franca de Manaus se consolidou como uma grande área industrial, alcançando sucesso em sua missão.
A finalidade inicial do projeto era estabelecer incentivos fiscais por 30 anos, visando a criação de um polo industrial, comercial e agropecuário na Amazônia, com a expectativa de impulsionar o desenvolvimento econômico da região.
Com o passar dos anos e o amadurecimento do projeto, os prazos para esses incentivos fiscais foram aumentando e, atualmente, eles se estendem até 2073. Essa medida tem sido importante para manter o atrativo das empresas em se estabelecerem na Zona Franca, o que garante a continuidade do desenvolvimento econômico local.
“Nós hoje estamos com 109 mil empregos diretos, fechamos o último trimestre com esses números. Com uma geração de 500 mil empregos entre diretos e indiretos. Essa massa de trabalhadores é o que movimenta a economia do Amazonas e boa parte da Amazônia, sem esquecer que a Suframa alcança Rondônia, Roraima, Acre e Amapá com suas áreas de livre comércio e incentivos”, explica Bosco.
Lei de informática
Na quinta-feira, 4/8, o superintendente participou de sessão plenária na Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam) e durante a entrevista, Saraiva destacou a importância da Lei de Informática da Zona Franca de Manaus (Lei 8.387/1991).
“Este ano a lei de informática das empresas do polo de informática instalados na zona franca de Manaus, obriga a aplicação de 5% dos lucros em ciências, desenvolvimento de novos produtos, em startups, em uma série de coisas novas para o avanço da indústria.”, disse o superintendente.
A lei exige que empresas do polo de informática invistam 5% dos lucros em ciência, desenvolvimento de produtos e projetos de inovação. Em 2023, o investimento será de cerca de 2 bilhões de reais, fiscalizados pela Suframa para avanço da indústria.
“O valor deste ano de 2023 vai girar em torno de 2 bilhões de reais e é preciso que todos tenham conhecimento de onde vai ser aplicado, a Suframa que fiscaliza a aplicação desse recurso da fabrica para o instituto, para a organização social, universidade ou para as fundações credenciadas para tal”, explica Bosco.
CBA
O Centro de Biotecnologia da Amazônia (CBA) tem como missão promover o desenvolvimento de alternativas econômicas por meio da inovação tecnológica, visando ao uso sustentável da biodiversidade amazônica para benefício econômico e social. No dia 25 de julho, o vice-presidente Geraldo Alckmin assinou, em Manaus, o contrato de gestão do novo Centro de Bionegócios da Amazônia (CBA).
Atualmente, o CBA busca obter 1% dos recursos destinados pela Lei de Informática para realizar pesquisas voltadas às particularidades regionais. Essas pesquisas abrangem descobertas feitas por povos indígenas que possuem raros conhecimentos industriais, enriquecendo o potencial de inovação com base em saberes tradicionais e recursos encontrados na região.
“O CBA agora tem vida própria e estamos trabalhando para que 1% dos 5% da lei de informática seja aplicada no CBA, em pesquisas que dizem respeito a nossas coisas. As coisas que estão sendo pesquisadas pelo mundo inteiro por aqui, nós aqui temos raras exceções industrializado o que o indígena descobriu para nós, muitas coisas que até hoje tem aqui”, ressalta o superintendente.