Vívian Oliveira – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – Uma polêmica envolvendo dois delegados de polícia do Amazonas veio à tona nesta semana após embate nas redes sociais, expondo uma disputa eleitoral e revelando detalhes controversos sobre suas condutas. Costa e Silva lançou duras críticas a João Tayah na última sexta-feira, 26/4, questionando posicionamentos políticos e acusando-o de omissão e privilégios. O embate entre os dois tem como pano de fundo a corrida pela vereança de Manaus nas eleições deste ano.
A polêmica teve início quando o delegado João Victor Tayah Lima, filiado ao PT, divulgou um vídeo no dia 23/4, no qual criticou duramente o ex-presidente Jair Bolsonaro e seus apoiadores, chamando-os de “patéticos”. Tayah Lima fez seus comentários em frente a um outdoor na capital que expressava apoio a Bolsonaro, não poupando críticas ao político.
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Filiado pelo PL, Costa e Silva reagiu à provocação e não hesitou em defender o ex-presidente. Além disso, no vídeo postado por Silva, a troca de farpas atingiu níveis altos, com acusações mútuas de incompetência e desonestidade.
“Bolsonaro passou uma dificuldade tremenda na gestão dele que foi lidar com a pandemia, algo inovador que não aconteceu na gestão de ninguém desse país no último século, entendeu? Aí você dizer que ele não ajudou? Mais de R$ 500 milhões veio pra Manaus pra ser usado na pandemia”, defendeu Costa e Silva.
O delegado também trouxe à tona a conduta de Tayah em relação ao seu trabalho como delegado. Costa e Silva sugeriu que Tayah estaria recebendo salário sem trabalhar desde 2023, levantando questionamentos sobre sua conduta e comprometimento com a função pública.
“Apesar de você dizer que Bolsonaro c*** pro povo de Manaus, mas na minha opinião, quem c*** pro povo de Manaus é você. Sabe por quê? Porque você está à disposição da associação de delegados sem trabalhar desde março de 2023, recebendo R$ 37 mil reais. No momento em que a sociedade clama por segurança, precisa de delegado na ponta, trabalhando na ativa, você está à disposição sem trabalhar. Então não seja leviano, não seja injusto. Você quer puxar a sardinha pro teu lado, criar narrativa e construir uma história ruim pro outro. Mas isso é hipocrisia, na minha opinião”, afirmou Costa e Silva.
Tayah retruca
A resposta de Tayah veio neste domingo, 28/4, em um vídeo repleto de acusações contra Costa e Silva. Em frente ao 19º DIP, Tayah questionou o uso de licenças do cargo por parte do colega, apontando que ele também já utilizou esse recurso anteriormente. O delegado fez referência a uma licença recebida por Costa e Silva no mês passado, durante a qual teria recebido uma remuneração significativa para concorrer à eleição.
“Ele falou que eu estou de licença do cargo, recebendo a minha remuneração. Isso não é segredo pra ninguém porque quando eu tirei a licença no ano passado, postei nas minhas redes sociais. O que ele não falou é que ele também já foi dirigente sindical por quatro anos e também usou a licença. Estranho, não? Parece que ele é o típico bolsonarista: é contra os direitos trabalhistas dos outros, mas ele pode usufruir tranquilo. Inclusive, neste exato momento, Costa e Silva está licenciado do cargo, tendo recebido R$ 45 mil no mês passado para disputar a eleição. E aí, Costa, vai abrir mão da remuneração? Vai devolver o dinheiro aos cofres públicos?”, afrontou Tayah.
Tayah aproveitou e mencionou um cachorro chamado “Dezenove”, que teria sido adotado temporariamente por Costa e Silva, mas posteriormente abandonado na delegacia.
“Aqui [no 19º DIP] existe um cachorrinho muito bonitinho que se chama “Dezenove”. O Costa e Silva descobriu que dá voto a pauta animal. Pegou o Dezenove, levou pra casa dele, fez ensaio fotográfico, vídeo, foto, disse que tinha adotado. Depois o jogou aqui na delegacia, abandonando mais uma vez”, contou.
A reportagem contatou a Secretaria de Estado de Segurança Pública do Amazonas, bem como a Polícia Civil do Amazonas questionando se o ocorrido já é do conhecimento dos órgãos, além de pedir um posicionamento oficial, e aguarda retorno.