Elen Viana – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é caracterizado por alterações no desenvolvimento cerebral que afetam a comunicação social e geram comportamentos repetitivos e estereotipados.
No entanto, em mulheres, esses sinais muitas vezes são camuflados ou mascarados para se ajustarem a ambientes sociais e profissionais.
Em entrevista ao “Jornal da Rios”, da Rádio RIOS FM 95,7, a neuropsicóloga Ana Rocha explicou que o transtorno em mulheres e meninas pode ser disfarçado, pois elas tendem a mimetizar (assumir) comportamentos considerados socialmente aceitos em grupos como amigos de escola, no trabalho e até nas relações familiares, fenômeno conhecido como “camuflagem social” ou “masking”.
“Meninas apresentam uma menor frequência de sintomas externalizantes (como agitação, hiperatividade e agressividade) e o brincar imaginativo costuma estar bem mais preservado. Os estudos sugerem que as meninas acabam tendo mais estímulos sociais e interagem, assim mascarando os próprios sintomas, o que a gente chama de masking, como se usassem máscaras e imitassem os comportamentos socialmente aceitos”, destacou a profissional.

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O transtorno pode ser disfarçado em mulheres, o que acaba causando alterações sensoriais, como incômodo extremo com certos barulhos ou texturas, além de um repertório específico de interesses.
“A visão da família pode ser influenciada pelas expectativas de comportamentos da criança correlacionados ao sexo biológico e aos atributos fornecidos pela socialização: é esperado que meninas sejam mais tímidas, quietas e ‘boazinhas’. Para entender o transtorno, precisamos compreender os interesses e aspectos da vida dessa criança, o que pode causar desconforto e queixas”, disse a neuropsicóloga.
A médica explica que, por conta disso, a experiência de pessoas com TEA resulta em aprendizados diferentes e ações distintas daquelas geralmente esperadas socialmente entre pessoas neurotípicas.
“O TEA tem como característica a dificuldade na comunicação social e interações sociais. Isso vai desenvolver um atraso na vida dessa criança e também habilidades desenvolvidas. Assim, ela não consegue se desenvolver. Por isso, é necessário ter um tratamento mais cedo para que ela possa se desenvolver plenamente”, diz ela.
Estimativas de pessoas com autismo
Embora o Brasil ainda não tenha um levantamento oficial da incidência de TEA, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que cerca de 2 milhões de brasileiros sejam autistas.
Nos Estados Unidos, dados do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) de 2023 apontam que, em 2020, uma em cada 36 crianças menores de 8 anos foi diagnosticada com TEA.