Vívian Oliveira – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – Na última quinta-feira, 28/9, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) deu luz verde para a Fundação Hemocentro de Ribeirão Preto (FUNDHERP) e o Instituto Butantan iniciarem um ensaio clínico inovador no país envolvendo as chamadas células CAR-T. Mas o que são essas células e por que representam um avanço no tratamento do câncer no sangue?
As CAR-T, sigla para “células T com receptor de antígeno quimérico”, são uma terapia que utiliza o sistema imunológico do paciente para combater as células cancerosas. O processo envolve a extração dos linfócitos, que são células de defesa do corpo, seguida de modificação genética em laboratório para que essas células possam reconhecer e combater alvos específicos, como a proteína CD19 presente nas células de câncer da leucemia linfoide aguda e do linfoma não Hodgkin.
Resultados promissores
O tratamento CAR-T tem apresentado resultados promissores principalmente para cânceres do sangue, como a leucemia linfoide aguda, linfomas não Hodgkin e mieloma múltiplo. No entanto, ainda não há bons resultados para outros tipos de câncer, como pulmão, mama e próstata.
Os testes realizados desde 2019 no Brasil mostraram uma taxa de resposta de 87%, especialmente em pacientes em estágio terminal que não responderam a tratamentos convencionais.
Diferentemente dos tratamentos convencionais como a terapia e a radioterapia, a CAR-T é menos agressiva e produz efeitos colaterais diferentes. Não causa queda de cabelo, náuseas ou vômitos.
Em vez disso, o principal desafio é lidar com a reação inflamatória que pode ocorrer, exigindo monitoramento rigoroso e, em alguns casos, internação temporária.
Um caminho longo pela frente
Embora promissor, o tratamento CAR-T ainda está em fase de estudos no Brasil. A aprovação da Anvisa representa um passo importante, mas o processo envolve etapas de estudo clínico para comprovar sua segurança e eficácia. O objetivo final é disponibilizá-lo no Sistema Único de Saúde (SUS) para atender a centenas ou milhares de brasileiros.
Também, os critérios para participação nos estudos ainda aguardam aprovação do Comitê Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP). O alto custo da terapia CAR-T, que pode chegar a R$ 2 milhões em hospital particular, é um desafio para a saúde pública. O estudo clínico deve ajudar a tornar o tratamento mais acessível.
Medicina contra o câncer
O avanço da tecnologia na medicina, como exames de sangue que detectam diversos tipos de câncer, é uma tendência promissora. Além disso, a medicina está evoluindo na prevenção do câncer, enfatizando hábitos saudáveis, como evitar tabagismo, álcool em excesso, manter uma alimentação equilibrada e praticar atividade física.
O diagnóstico precoce do câncer é importante para o sucesso do tratamento. É importante que as pessoas estejam atentas aos sinais do corpo e consultem um médico caso surjam sintomas suspeitos.
Embora o tratamento com células CAR-T represente um avanço significativo no combate ao câncer, ainda há desafios a serem superados antes que ele esteja amplamente disponível para os pacientes brasileiros.