Vívian Oliveira – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – Após a defesa de Nonato Machado e Jussana de Oliveira Machado alegar que a briga não foi motivada por preconceito, mas por uma desavença prévia, além de acusar a babá de fazer fofocas, o advogado Ygor Colares, uma das vítimas, não hesitou em classificar a declaração como “absurda”.
“Como advogado, sei que essa fala da defesa é uma técnica para tentar tipificar a conduta em um crime com pena menor. Contudo, não deixa de ser absurda de que só queriam lesionar e não matar. Eu teria vergonha de escrever algo assim”, disse Ygor Colares, em entrevista ao Portal RIOS DE NOTÍCIAS nesta terça-feira, 23/4.
Colares acrescentou que agora aguarda a sentença do juiz, com a expectativa de que o caso seja encaminhado ao Júri Popular. “Está claro para todos que assistiram aos vídeos que houve a tentativa de homicídio”.
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O advogado de defesa de Colares e da babá Cláudia Gonzaga, Josemar Berçot, reforçou a incredulidade diante das alegações da defesa. Ele destacou a tentativa de inverter os papéis, retratando os réus como vítimas e distorcendo os fatos.
“Eles tentam inverter completamente os papéis e chegam ao absurdo de dizer que atacou a babá porque antes a babá passou por ela e deu um soco nela. Isso não existe. Não tem nos vídeos, não tem testemunha. Isso é alegação solta dela. Nas imagens, a babá está caminhando calmamente com uma outra funcionária para o ponto de ônibus e é agredida por trás”, refutou Berçot.
Discriminação e tiro acidental
O advogado de defesa ressaltou que as provas, incluindo os vídeos do incidente, contradizem as alegações da defesa, evidenciando uma estratégia para minimizar a gravidade do crime.
“Aquela história do elevador no qual eles humilham a babá e não aceitam que ela entre no elevador com eles é uma clara discriminação social. O Raimundo [Nonato] chega a dizer que não foi ele quem botou o pé no carrinho para a babá não entrar e sim a babá que bateu com o carrinho no pé dele. Olha que absurdo”, argumenta.
O advogado de defesa de Ygor e Cláudia criticou a tentativa de alegar que o tiro foi acidental, argumentando que os réus assumiram o risco ao empunhar a arma de fogo.
“Quando você põe uma arma na mão de uma pessoa que não tem habilitação para tê-la e diz para ela apontar a arma. Quando essa pessoa aponta a arma para outra ao invés de guardar e ainda põe o dedo no gatilho, não tem como fugir dessas circunstâncias e dizer que eles não assumiram o risco de haver um disparo e um homicídio. Para a sorte da vítima, o tiro atingiu apenas a perna, mas poderia ter sido algo muito pior, inclusive atingindo crianças que estavam ali ao redor”, alegou Berçot.
Júri Popular
Josemar enfatizou a necessidade de que os réus sejam julgados pelo júri popular, destacando a gravidade da tentativa de homicídio e tortura contra a babá e a tentativa qualificada de homicídio contra o advogado.
“É uma alegação absurda, não condiz com os autos nem com as provas. É uma tentativa de diminuir a pena e que isso ‘termine em pizza’. Mas eu quero acreditar no judiciário e que eles respondam perante o Tribunal do Povo, o que é uma determinação constitucional. As imagens são claras nesse sentido”, enfatizou o advogado.