Letícia Rolim – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – As investigações conduzidas pela Polícia Civil do Amazonas (PC-AM), através do 1º Distrito Integrado de Polícia (DIP), no caso envolvendo Djidja Cardoso e sua família foram concluídas, resultando no indiciamento de 11 pessoas.
A investigação, que teve início há cerca de dois meses, revelou a existência de uma seita religiosa que distribuía e incentivava o uso de ketamina.
“Durante as investigações a gente identificou a fundação de uma verdadeira seita religiosa para fins criminosos, onde havia o fomento de práticas do tráfico de drogas onde os familiares que fundaram a seita ofereciam e induziam funcionários do salão de beleza a utilizarem as substâncias”, disse o delegado Cícero Tulio, titular da unidade policial.
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Durante as diligências, foi descoberto que Cleusimar Cardoso, Ademar Cardoso e Djidja Cardoso, com a ajuda de Bruno Rodrigues, ex-namorado de Djidja, e dos funcionários Claudiele, Marlison e Verônica, realizavam cultos religiosos utilizando entorpecentes.
Nesta semana, a polícia solicitou a conversão da prisão temporária de Bruno Rodrigues em prisão preventiva. Provas encontradas em seu celular indicam sua participação na gestão da seita criminosa.
Outros envolvidos
Além da família Cardoso, Hatus Silveira foi identificado como responsável por fazer a conexão com os fornecedores de ketamina e potenay, principalmente José Máximo, Sávio e Roberleno, administradores dos empreendimentos Maxvet, Reino dos Pets e Casa do Criador.
“Bruno foi quem apresentou Hatus que seria uma ponte de ligação entre a família e um dos fornecedores, que seria o José Máximo. Hatus já fazia o uso de substâncias produzidas e utilizadas no ramo veterinário, e para ele seria mais fácil adquirir a ketamina para que a família continuasse com os trabalhos”, esclareceu o delegado.
De acordo com Cícero, Hatus também foi um dos responsáveis por inserir a utilização de potenay, que inicialmente seria utilizada para ganho de massa muscular. No entanto, a família descobriu que a aplicação intravenosa trazia alucinações e efeitos psicotrópicos
Criação de clínica
O grupo criminoso planejava montar uma clínica veterinária para facilitar o acesso a medicamentos de uso controlado e fundar uma comunidade para continuar os trabalhos doutrinários da seita.
Um dos suspeitos preso, Emicley Araújo Freitas Júnior, que era funcionário da Max Vet, foi indiciado por auxiliar na dissimulação de provas durante buscas em uma das clínicas veterinárias na primeira fase da Operação Mandrágora.
Djidja
Durante as investigações, Djidja Cardoso faleceu devido ao uso excessivo de ketamina e outros fármacos. Há suspeitas de que ela teria sido auxiliada pelos autores na utilização dessas substâncias.
“Os conteúdos nos aparelhos dos autores mostram que Cleusimar passou a cometer abusos em forma de tortura, principalmente quando percebem que Djidja estaria em uma situação de quase morte. A partir da análise desses conteúdos conseguimos a confirmação e a constatação que efetivamente existia o crime de tortura praticado em relação a Djidja”, destacou o titular.
Em um ponto da investigação, foi revelado que Djidja sofreu tortura pela própria mãe, resultando em sua morte por depressão cardiorrespiratória. A tortura foi documentada em vídeos feitos pela agressora.
Indiciamentos
Os membros da família Cardoso foram indiciados por uma série de crimes, incluindo tráfico de drogas, associação para o tráfico, perigo para a vida ou saúde de outrem, falsificação de produtos terapêuticos, aborto sem consentimento, estupro de vulnerável, charlatanismo, curandeirismo, sequestro e cárcere privado, constrangimento ilegal, favorecimento pessoal e real, exercício ilegal da medicina, e tortura com resultado morte.