Letícia Rolim – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – A objetificação sexual feminina não apenas desumaniza as mulheres, mas também as coloca em uma posição de submissão ao olhar masculino, reduzindo-as a meros objetos de prazer. Essa prática, tão comum e muitas vezes imperceptível, tem sido cada vez mais debatida, especialmente após eventos recentes no Big Brother Brasil.
O assunto foi tema do programa Radioterapia da Rádio RIOS FM 95,7, que abordou o tema “Objetificação Sexual das Mulheres”, assunto que está em alta e ganhando mais espaço na mídia por conta de acontecimentos no principal reality show da TV Globo.
Apesar das conquistas sociais alcançadas ao longo dos anos, a banalização do corpo feminino continua a ser uma realidade. A discussão em torno desse assunto não só traz à tona a necessidade de reconhecer a dignidade da mulher, mas também destaca a importância de combater ativamente essa forma de humilhação social. Já que essa prática, acaba por ignorar o emocional e o psicológico de um ser humano, sendo vista apenas pela aparência.
À medida que o tema ganha espaço nas conversas cotidianas, é crucial reconhecer que a objetificação feminina não é apenas uma questão de estética, mas sim um reflexo de desigualdades profundamente enraizadas na sociedade.
O psicólogo clinico, especialista em Fortalecimento da Mente e Neurocientista, André Paiva, oferece uma análise sobre a objetificação feminina, sob a ótica do olhar masculino. Segundo o especialista, a objetificação é, essencialmente, tratar as mulheres como objetos, como mercadorias desprovidas de humanidade.
Para o especialista, a prática é como o nome já diz, “o ser humano em si, vê o outro como um objeto”.
“A objetificação da mulher é quando a gente trata elas como se fossem um objeto, como uma mercadoria. Quando eu me refiro a uma mulher com falta de respeito, só olho para o corpo dela, traço comentários em torno do corpo dela e não ligo para o que ela pensa, o que passa, tendo interesse apenas no corpo”
André Paiva, psicólogo clínico
André ainda ressalta que vivemos “na era do exibicionismo” tornando a objetificação um assunto cada vez mais relevante.
“É um assunto polêmico e hoje em dia, não é só mulher que é objetificada, virando um objeto. Nós estamos na era do exibicionismo, mas do que nunca é um assunto polêmico”, disse Paiva.
Conceito de objetificação
Resumidamente, o conceito de “objetificação sexual feminina” surgiu após Laura Mulvey uma crítica cinematográfica e feminista britânica, analisar que o cinema refletia o “olhar masculino” em relação as mulheres.
Laura observou que no cinema, as mulheres eram representadas de uma forma objetivada e limitada para satisfazer as necessidades psicológicas dos homens e da sociedade patriarcal.
Exibicionismo
A terapeuta e psicanalista, Samiza Soares, acrescenta sua visão sobre a objetificação feminina, enfatizando a amplitude e a polêmica desse tema. Para Soares, a questão vai além de uma simples análise superficial e envolve nuances complexas da psique humana e da sociedade.
“Trata-se de um tema muito amplo e muito polêmico”, ressalta a terapeuta, destacando a necessidade de uma abordagem cuidadosa e abrangente. Além disso, ela destaca o papel das redes sociais nesse debate, reconhecendo sua influência significativa na disseminação de ideias e padrões culturais.
As redes sociais, segundo Soares, desempenham um papel crucial na forma como a objetificação feminina é perpetuada e contestada.
Elas servem como um palco onde as representações de gênero são constantemente reforçadas e questionadas, refletindo as complexidades e contradições da sociedade contemporânea.
“As redes sociais tem seu lado negativo, como essa superexposição. Tem uma pesquisa que mostra que uma foto de uma mulher que está mais sensual e com menos roupa, ela é mais visualizada. Você está passando no feed, onde você vê diversos conteúdos, mas quando você vê uma mulher mais sensual você para e amplia aquela foto. É um habito real que foi analisado por essa pesquisa”
Samiza Soares, terapeuta e psicanalista
Caso ‘BBB’
O episódio envolvendo a participante Yasmin Brunet no Big Brother Brasil trouxe ainda mais destaque para o debate sobre a objetificação feminina. Comentários sobre seu corpo e suas roupas feitos por alguns participantes homens reascenderam a discussão sobre a forma como as mulheres são tratadas na mídia e na sociedade em geral.
Durante o reality, houve cenas em que participantes masculinos comentaram sobre o corpo das mulheres na casa, especialmente focando em Yasmin.
O ex-brother Maycon chegou a insinuar que as roupas usadas pela participante eram para provocar os homens da casa, enquanto em outra ocasião, Nizam fez um comentário considerado desrespeitoso sobre o corpo de Yasmin, dizendo que era “estranho” durante uma conversa com outros participantes masculinos.
Esses acontecimentos evidenciam como a objetificação feminina permeia diversos contextos, inclusive em programas de entretenimento de grande audiência, como o Big Brother Brasil, e ressaltam a urgência de se discutir e combater essa prática que perpetua a desigualdade de gênero e a violação dos direitos das mulheres.