Gabriel Lopes – Rios de Notícias
COARI (AM) – O ex-prefeito de Coari, Adail Pinheiro, condenado por corrupção e explorar sexualmente crianças e adolescentes, pretende concorrer novamente à prefeitura do município, a 362 quilômetros de Manaus, nas eleições municipais deste ano.
Nas redes sociais, o político se apresenta como “pré-candidato a prefeito de Coari (AM) em 2024”. Em sua última publicação, ele convida o povo do município para a convenção partidária do Republicanos, legenda pela qual pretende concorrer ao pleito.
O evento está marcado para a próxima segunda-feira, 5/8, a partir das 18h, no Centro Cultural de Coari, onde ele deve ser confirmado com o candidato do partido, além de apresentar seu vice. O político esteve como prefeito de Coari entre 2005 e 2008. Ele foi eleito novamente em 2012 e cassado em fevereiro de 2014.
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O ex-prefeito teve seus direitos políticos devolvidos, por unanimidade, pelo Tribunal Regional Eleitoral do Amazonas (TRE-AM), em sessão, no dia 15 de março deste ano. Em 2020 por decisão da 2ª Comarca de Coari, Adail perdeu os direitos políticos por três anos pelo crime de improbidade administrativa.
Relator do processo, o juiz Marcelo Pires entendeu na decisão, com parecer do procurador do Ministério Público Eleitoral (MPE) Rafael Rocha, que a devolução dos direitos políticos não corresponde a extinção da inelegibilidade, que precisará ser julgada em outra ação.
Com isso, Adail Pinheiro pode se candidatar à prefeitura, mas o registro de candidatura pode ser anulado em um novo julgamento caso seja mantida a inelegibilidade.
Intenções de voto
O Instituto Pontual Pesquisas realizou um estudo eleitoral em Coari entre os dias 25 e 27 de abril. O pré-candidato Adail Pinheiro aparece em primeiro lugar nas intenções de voto, com 40,7% da preferência do eleitorado. Em segundo lugar aparece Harben Avelar, com 21.5%.
Robson Júnior alcançou 6,6% da preferência do eleitorado, Raione Queiroz tem 6,6%, Zé Henrique está com 4,2% e Professor Adnamar possui 2,6%. Os entrevistados que não quiseram opinar totalizam 2,9% e os que votam branco/nulo são 15,5%.
A pesquisa eleitoral teve registro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o número AM-08366/2024. A amostra teve 381 entrevistas presenciais, alcançando margem de erro de 5,0% com intervalo de confiança 95%.
Histórico
A Justiça do Amazonas condenou Adail Pinheiro, em novembro de 2014, a 11 anos e dez meses de prisão pelos crimes de favorecimento à prostituição, indução à satisfação de impulsos sexuais e por submeter crianças e adolescentes à prostituição e exploração sexual.
Diversas reportagens do Fantástico, da TV Globo, mostraram, no início de 2013, depoimentos de vítimas e testemunhas que acusavam Adail Pinheiro de ser chefe de uma quadrilha que explorava sexualmente meninas de 9 a 15 anos. A polícia conseguiu descobrir o crime após interceptação de conversas da Operação Vorax, da Polícia Federal (PF), de 2008.
Em 2010, a Justiça Federal condenou Adail à pena de mais de 57 anos de prisão, em ação penal movida pelo Ministério Público Federal (MPF) em decorrência da Vorax. O ex-prefeito foi condenado por desvios de recursos públicos, lavagem de dinheiro, falsificação de documento público e particular, falsidade ideológica e corrupção.
Adail Pinheiro recebeu indulto e teve pena de prisão extinta, em janeiro de 2017, após se enquadrar nos requisitos do perdão presidencial, cujas regras foram estabelecidas pelo então presidente Michel Temer (MDB).