Falar de empatia é falar da capacidade de compreender emocionalmente o outro. Diz respeito a possibilidade de se colocar no lugar de outra pessoa, como se tivesse as mesmas percepções, sentimentos e desejos que esse outro. É sobre estender a mão, está presente e nos importarmos e como qualquer outra habilidade, a empatia pode ser natural, fruto da educação, condicionamento e experiências de vida, mas também pode ser aprendida.
Profissionalmente, a empatia pode ser muito benéfica, na medida em que pode ajudar profissionais a progredir na carreira. Ser solícito e compreensivo com os colegas cria um ambiente de trabalho agradável e estreitamento de laços com a equipe.
A sensibilidade de profissionais empáticos também pode alcançar toda a cadeia de stakeholders do negócio, incluindo a identificação e observação das necessidades e fragilidades de clientes, fornecedores, parceiros e concorrentes o que pode induzir a adoção de estratégias mais assertivas.
No mundo do trabalho, por exemplo, lidar com uma diversidade de personalidades no dia a dia se torna muito mais fácil quando tentamos ver o mundo através dos olhos de outras pessoas.
Pessoas empáticas demonstram sua virtude através de atos cotidianos que as diferenciam das demais e que as colocam em uma posição de “porto seguro”, alento em dias de luta.
Ouvem os outros de forma atenta
Ouvir requer atenção. Às vezes estamos mais preocupados em dar uma resposta ao que está sendo dito, do que em entender a mensagem. Por isso se faz necessário compreender o que o outro quer comunicar. Como lembra Marshall (2006), “nós dizemos muita coisa” ao escutarmos os sentimentos e necessidade de outras pessoas.
São sensíveis e percebem a chateação, tristeza ou desconforto do outro.
Somente quem se importa com o outro é capaz de estar atento a sinais, muitas vezes imperceptíveis para a maioria, e identificar sentimento de tristeza ou preocupação. Quando somos abordados por alguém que demonstra perceber tais sensações tendemos a nos conectar a elas.
Levam os sentimentos e opiniões do outro em consideração antes de tomar decisões
Reter o julgamento e observar fatores envolvendo a vida de terceiros antes de tomar decisões é um comportamento fruto de empatia. Pessoas empáticas chamam ao diálogo todos aqueles que estão envolvidos no processo decisório.
Se solidarizam com eventos trágicos ou negativos
Ainda que vivamos momentos em que a maldade e tragédia estejam banalizadas ou naturalizadas, o empático é alguém que não assimila essa realidade. Conversas, ajuda financeira, deferências, apoio psicológico são algumas da maneira de intervenção utilizadas em contextos de dor e perda por pessoas que possuem a empatia como característica pessoal.
São transparentes quanto às suas próprias percepções e sentimentos
A sinceridade e honestidade são comportamentos típicos de quem é empático. Por esta razão gozam de confiança daqueles com quem se relacionam e geram credibilidade nas relações familiares e corporativas.
Empatia Baseada em Fatos Reais
Quem já foi alcançado pela virtude da empatia jamais esquece. É o meu caso. Em 2018 concorri no processo seletivo para ser professora substituta da Universidade Federal do Amazonas. No dia da etapa prova didática, momento em que os concorrentes precisam defender o tema de uma aula e entregar nas mãos dos membros da banca o plano de ensino do conteúdo abordado, eu, ao adentrar à UFAM, percebi que o Campus estava sem energia. Ainda faltavam cerca de uma hora e meia até o horário agendado para a minha defesa.
Fiquei tranquila, imaginando que logo a energia retornaria e que então poderiam imprimir o plano de ensino em três vias. O tempo passou e quando percebi que faltavam quarenta minutos, me desesperei.
Me aproximei do lugar da defesa falando a um dos membros sobre a necessidade de impressão do plano, que me alertou que a energia não tinha previsão de volta e que seria melhor eu saí do Campus em busca de um lugar para impressão. O fiz. No caminho entre o Campus e o Mini Campus também fui informada que não havida energia no mini campus. Pensei rápido. Calculei o tempo e as distâncias entre um eventual lugar no caminho de saída do campus, em que eu poderia realizar a impressão.
Neste momento tinha apenas cerca de vinte e cinco minutos. Observei que o meu limite de percurso seria até o viaduto do coroado para dali mesmo retornar, pois se avançasse para o bairro não conseguiria retornar a tempo. A entrega do plano impresso era obrigatória. Estava aflita. Segui até o limite do retorno do viaduto e parei em uma pequena loja de material de construção. Relatei o caso a um dos vendedores. Pedi ajuda. Ele me olhou com um ar de preocupação e empatia.
Não pensou duas vezes, mesmo sem nunca ter me visto, imprimiu os planos em três vias e me entregou. Retornei, defendi minha aula, e quase um mês depois tive o resultado de ter sido aprovada em primeiro lugar. Passei uma ano e meio como professora substituta na Universidade. Um presente, uma conquista, um sonho realizado. Meses depois, voltei à loja de material de construção para agradecer e corroborar a necessidade de mais pessoas compreensivas, humanas e empáticas.