Apesar de Lula ter vencido as eleições no Amazonas com mais de 1 milhão de votos, a realidade político-partidária em Manaus é diferente. O presidente conta apenas com o apoio de um terço da população manauara.
Na capital amazônica, a esquerda enfrenta grandes desafios para se consolidar. Atualmente, os três grandes partidos do espectro — PT, PCdoB e PSOL — possuem apenas um vereador na Câmara Municipal de Manaus (CMM), Sassá da Construção Civil.
Buscando reverter essa situação, o próprio presidente Lula indicou um pré-candidato para disputar a Prefeitura de Manaus: o ex-deputado Marcelo Ramos (PT). No entanto, a esquerda em Manaus não se une nem pelo Lula.
O PSOL já lançou Natália Demes como pré-candidata a prefeita. Recentemente, em entrevista, ela declarou que Ramos “não tem a representatividade” que ela espera de um candidato de esquerda. Se o indicado do maior expoente da esquerda brasileira não tiver a representatividade esperada, quem terá?
O PCdoB, por outro lado, faz parte da Federação Brasil da Esperança junto com o PT e o PV. Pela lei eleitoral, eles terão que lançar apenas um candidato pela federação. Porém, PT e PCdoB não chegaram a um acordo, e Eron Bezerra (PCdoB) continua como pré-candidato, discutindo suas propostas, incluindo a construção de um metrô de superfície em Manaus (essa história já não foi ouvida antes?).
Até no próprio PT há divergências. A turma do diretório municipal, liderada pelo sindicalista Valdemir Santana, apoia Marcelo Ramos. Por outro lado, a ala do partido chefiada pelo deputado Sinésio Campos colabora com a pré-candidatura de Roberto Cidade (União).
É uma queda de braço que ninguém quer dar o braço a torcer. Mas, verdade seja dita, se toda essa energia e capital político despendidos em disputas internas fossem economizados e direcionados para a eleição, a esquerda — que é um segmento de grande relevância a nível nacional — estaria bem melhor representada no debate público e na democracia manauara.